Em relação à tragédia recente em Porto Alegre, Tiburi expressou sua preocupação com a impunidade daqueles que não se preocuparam em evitar a calamidade. “A catástrofe é um fenômeno político”, afirmou, destacando a necessidade de denunciar os agentes públicos envolvidos.

Durante a entrevista, a filósofa criticou duramente os políticos locais Sebastião Melo e Eduardo Leite, enfatizando a importância de sua responsabilização. “Sebastião Melo e Eduardo Leite precisam ser presos e responsabilizados”, declarou Tiburi, acrescentando que a população não pode confiar neles durante o processo de reconstrução.

Tiburi abordou temas como a direitização do Rio Grande do Sul, o racismo presente na região e o papel da mídia na disseminação de narrativas distorcidas. “Há outro problema, que é o peso da RBS como monopólio de comunicação”, destacou.

“A distopia capitalista trabalha na naturalização da catástrofe”, ressaltou Tiburi, enfatizando a urgência de questionar as narrativas dominantes que perpetuam a desesperança e a resignação.

Ao longo da entrevista, a filósofa também refletiu sobre a ascensão do neoliberalismo e seus efeitos na sociedade. “Há um gozo na maldade no neoliberalismo”, comentou, apontando para a necessidade de resistência e solidariedade em tempos de crise.

Por fim, Tiburi expressou sua esperança de que a catástrofe recente possa servir como um ponto de inflexão para a mudança. “Espero que essa catástrofe ajude a eleger a Maria do Rosário”, afirmou, destacando a importância da mobilização política em busca de um futuro mais justo e igualitário.

Marcia Tiburi é conhecida por sua atuação crítica e engajada, tanto na filosofia quanto nas artes visuais. Ela lança seu novo livro, “Mundo em disputa: design de mundo e distopia naturalizada” (Ed. Civilização Brasileira), onde faz uma crítica à distopia capitalista, oferecendo uma análise profunda das estruturas de poder e dominação presentes na sociedade contemporânea, buscando promover um debate sobre os caminhos para uma transformação social.

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