Os experts em PSB de Pernambuco dizem que Arraes anda se tremendo ao “ver” a cena do partido nos últimos tempos
O Partido Socialista Brasileiro anda no divã com seu mais forte conflito interno desde que o então governador Eduardo Campos faleceu em acidente aéreo sem deixar, do Oiapoque ao Chuí, nenhuma liderança com sua estatura, logo a disputa pelo comando nivela medianamente fazendo valer a força da máquina para consolidar opção pelo PSDB e aliança com a Direita na contramão da “Nova Política” defendida pelos socialistas. Em tese, Marina Silva seria nome de dimensão para a nova fase do PSB, mas nem de longe isto se efetivará por vários fatores, inclusive a inabilidade para comandar um partido cheio de caciques como o dos socialistas. Não há espaços para o individualismo utópico da ex-senadora. Não tivessem brigado, já lá atrás pelo comando e poder, os Gomes seriam os ocupantes naturais de um processo reformador, agora sem encontrar um líder de densidade nacional já consolidada, porque eles saíram para fundar o PROS (pró eles).
Embora o vice-governador de São Paulo, Márcio França, seja ao lado do ex-deputado gaúcho Beto Albuquerque os “controladores” da atual estrutura do partido, tanto que já tiraram do comando o ex-presidente Roberto Amaral e fazem acordo estratégico com Pernambuco, através do atual presidente Carlos Siqueira, o PSB vive forte disputa interna sem consenso à vista.
Os dois pontos centrais das divergências passam pela opção conduzida por Beto e Márcio alinhando-se ao espectro ideológico liberal, de Centro à Direita, afastando-se publicamente do campo socialista. Outro pomo da discórdia é a busca de fusão com o PPS liderado pelo ex-comunista Roberto Freire, há muito convivendo e protegido pelos setores neo-liberais com quem tem acordo político de jura eterna.
É dentro desta cena nacional que começam a surgir pretendentes ao debate, questionamento e, ao mesmo tempo, colocando-se como opção diferenciada voltando-se para a origem e o prisma socialista desde Miguel Arraes.
Um deles, e principalmente neste campo, chama-se o governador Ricardo Vieira Coutinho, da Paraíba, reeleito e líder emergente no Nordeste. Não é à toa que, na reunião dos governadores nordestinos de apoio público à governabilidade de Dilma Rousseff, em março, quando aguçava a tentativa da oposição de construir o impeachment, foi ele o escolhido para falar pelo conjunto dos chefes do executivo regional.
Ricardo diverge frontalmente da condução do PSB na convivência com o ninho tucano e faz duras restrições à postura do PPS, tanto que vive o tempo inteiro indagando à cúpula nacional, qual o desenho ideológico a ser construído entre os dois partidos para manter o diferencial do PSB no campo da esquerda visando até disputar a presidência em 2018.
Aliás, lembremos que, já no segundo turno da disputa presidencial/governamental, em 2014, Ricardo se rebelou e apoio abertamente à reeleição de Dilma, ao contrário do que fizera a cúpula do partido.
O conflito interno no PSB é tamanho, tanto que o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, anda em rota de colisão com o senador pessebista Fernando Bezerra Coelho porque, enquanto o jovem governador se alia a FHC e cia., o ex-ministro da Integração Nacional joga em favor de composição com Dilma Rousseff.
Em síntese, sem uma liderança do tamanho de Eduardo, o PSB bate cabeça e deixa que o futuro partidário atenda muito mais a questões regionais localizadas do Sudeste e do Sul – até porque Márcio trabalha com a hipótese de Geraldo Alkmin ser candidato a presidente para ele ascender ao Governo paulista-, deixando à margem o Nordeste, Norte e Centro-Oeste – onde pontificaram grandes nomes e tem a resistência de Ricardo Coutinho, João Capiberibe, etc, pois vêem a legenda se transformando em apêndice da superestrutura tucana neoliberal.
A operação Marta Suplicy é outro exemplo/reforço para atestar a prevalência do interesse paulista em detrimento a outra opção de comando fora de São Paulo. Só que esta desconfiguração pode render e ser muito cara ao partido no futuro próximo. De protagonista, sem que se aperceba, vai se transformando em coadjuvante de segunda categoria na disputa maior entre os partidos.
A rigor, não era esta a “Nova Política” defendida por Eduardo Campos. Os experts em PSB de Pernambuco dizem que Arraes anda se tremendo ao “ver” a cena do partido nos últimos tempos.