Senado italiano será parte civil em julgamento de Berlusconi por corrupção

O Senado italiano decidiu se apresentar como parte civil, ou seja, afetada, no julgamento contra o ex-primeiro-ministro e multimilionário Silvio Berlusconi, acusado de ter subornado em 2008 um senador para derrubar o governo de seu rival, Romano Prodi.

“Trata-se de um dever moral”, afirmou o presidente do Senado e ex-magistrado anti-máfia, Piero Grasso, ao anunciar a decisão.

O julgamento começará na próxima terça-feira em Nápoles (sul) e trata-se da primeira vez na história recente da Itália que o Senado se apresenta como parte civil em um julgamento penal, o que desencadeou críticas e protestos por parte do partido de Berlusconi, Força Itália.

“Trata-se de um ato que desacredita ainstituição”, um ataque do “partido dos juízes”, um “golpe contra a pacificação” política da Itália, denunciaram os simpatizantes de Berlusconi.

O multimilionário será processado pelo pagamento em 2006 de três milhões de euros ao senador Sergio De Gregorio para que passasse do partido Itália dos Valores (IDV) ao Povo da Liberdade, que na época era a formação do “Il Cavaliere”.

Dessa maneira, a queda do governo de centro-esquerda liderado seria acelerada, depois da vitória de Prodi nas eleições legislativas de 2006 por uma pequena vantagem.

A investigação parte da declaração de um assistente de De Gregorio, Andrea Vetromile, que contou aos promotores os detalhes da “compra” do senador.

De Gregorio foi remunerado em parte com bens, como ele mesmo confessou aos juízes de Nápoles depois de ter recebido o suborno.

O julgamento será realizado em Nápoles devido ao fato de o senador ter sido eleito por esta região.

O ex-primeiro-ministro, líder indiscutível da direita por duas décadas, foi expulso no dia 27 de novembro do Senado, em uma decisão histórica, depois de ter sido condenado de forma definitiva a quatro anos de prisão por fraude fiscal, o que supõe a perda da imunidade parlamentar.

Devido a sua idade avançada, 77 anos, o magnata não pisará na prisão, mas deverá cumprir trabalhos comunitários. (AFP)

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