De O Globo – O último boletim divulgado pela Defesa Civil de Maceió-AL apontou que o solo da região onde está localizada uma mina de sal-gema da Braskem tem cedido 1 centímetro por hora. Nas redes sociais, a prefeitura informou que a série de fenômenos que pode levar toda a estrutura ao colapso é um “evento inédito no mundo” e que, por isso, “até o momento não é possível mensurar todas as consequências do fato”.
Os sensores instalados no bairro do Mutange, registraram mais um evento sísmico nesta sexta-feira. O tremor de magnitude 0,39 – não perceptível pelos humanos – aconteceu a 330 metros de profundidade, de acordo com a Defesa Civil. Entre os dias 19 e 24 de novembro, um total de 1011 eventos sísmicos foram detectados no mesmo local.
Segundo o Ministério do Desenvolvimento Regional, além da quantidade elevada de abalos, foi observada que a profundidade dos sismos se tornava mais rasa, indicando uma possível movimentação em direção à superfície.
“Três sensores instalados na região do antigo campo do CSA, continuam apresentando alertas de movimentação. O sensor da cavidade 18, foi o que apresentou o valor mais expressivo. Este, nas últimas 24h registrou aproximadamente 11,4cm com velocidade média de movimentação vertical subsidência de 1cm/h”, informou.
Tragédia prevista desde 1980
Nos anos 1980 pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL) já alertavam para o colapso do solo em bairros de Maceió, ocasionados pela mineração de sal-gema realizada pela empresa Braskem, que atua na região desde a década 1970. As primeiras pesquisas que comprovaram a catástrofe, que atinge os bairros de Mutange e de Bebedouro, foram publicadas em 2010.
Em 2018, o desnivelamento começou a se tornar evidente. Em alguns bairros, rachaduras de 280 metros de extensão surgiram nas casas e nas ruas. A Braskem foi obrigada a interromper a mineração e a evacuar os moradores das áreas mais afetadas.