STF extingue pena de 1º deputado condenado à prisão
Tatico se livrou da sentença de 7 anos de reclusão por sonegação e apropriação indébita
Primeiro deputado condenado à prisão pelo Supremo Tribunal Federal após a Constituição de 1988, Tatico (PTB-GO), que já não está mais no Congresso, conseguiu se livrar da pena de 7 anos de prisão pelos crimes de sonegação de contribuição previdenciária e apropriação indébita previdenciária.
As investigações do Ministério Público mostraram que a empresa de propriedade de Tatico teria deixado de repassar as contribuições previdenciárias dos empregados ao INSS e omitido fatos geradores de contribuição previdenciária nas guias de recolhimento do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).
Em 2010, na véspera do seu aniversário de 70 anos, Tatico foi condenado. Na semana seguinte, ele pagou o que devia. E recorreu ao tribunal, pedindo para ser extinta a sua pena por dois argumentos: por ter pago o que devia e porque a lei prevê a redução pela metade do prazo de prescrição para réus com mais de 70 anos.
A tese acabou convencendo a maioria do plenário. Os ministros entenderam que o pagamento da dívida, mesmo depois da condenação e antes do trânsito em julgado, extingue a punibilidade. Além disso, entenderam que houve prescrição do crime, pois o réu completou 70 anos depois do julgamento, mas antes da publicação do acórdão.
Votaram nesse sentido – pela extinção da pena – os ministros Luiz Fux, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Marco Aurélio, Gilmar Mendes e Celso de Mello. Contra a extinção da pena votaram os ministros Ayres Britto, Joaquim Barbosa, Rosa Weber, Teori Zavascki e Cármen Lúcia.
Histórico. Tatico foi o primeiro parlamentar condenado pelo tribunal a uma pena de prisão. Antes dele, o então deputado José Gerardo (PMDB-CE) foi condenado, mas sua pena foi revertida em prestação de serviços. Depois foi condenado o deputado Cássio Taniguchi (DEM-PR), mas a pena estava prescrita. Meses depois, foi condenado o deputado Natan Donadon (PMDB-RO), que está preso em Brasília.
Em seguida foi a vez dos condenados no mensalão. Hoje há 843 inquéritos ou ações que têm políticos como alvo na fila do Supremo.
Fonte: Estado de S. Paulo