STJD e MP ameaçam interditar São Januário após violência em Vasco x Flamengo

Procurador-geral Felipe Bevilacqua e promotor Rodrigo Terra encaminharão pedidos distintos

POR MARLUCI MARTINS / CARLOS EDUARDO MANSUR

São Januário registrou muito tumulto na arquibancada em Vasco x Flamengo – Antonio Scorza / Agência O Globo

O prejuízo do Vasco pode ir além da perda de dez mandos de campo, pelo incidente ocorrido no último sábado, na derrota por 1 a 0 pra o Flamengo.

O procurador-geral do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), Felipe Bevilacqua, encaminhará a denúncia contra o clube na próxima segunda-feira, no mais tardar na terça. Bevilacqua já admite que, independentemente do julgamento, o estádio de São Januário poderá ser interditado a exemplo do que ocorreu em junho com o Serra Dourada, em Goiás.

– Podemos pedir a interdição do estádio ao menos até o julgamento, quando o clube poderá perder até dez mandos de campo e ser obrigado a pagar uma multa. Mas é preciso lembrar que esse assunto ultrapassa nossa competência, pois estamos falando de pessoas que praticam assassinato. O caso está sendo avaliado com muito critério pela procuradoria – disse Bevilacqua.

O Ministério Público do Rio de Janeiro também vai pedir, nesta segunda-feira, a interdição do estádio de São Januário. O promotor Rodrigo Terra ressaltou que o pedido do MP ocorre de forma distinta ao do STJD. De acordo com Terra, o objetivo do pedido de interdição é que sejam apresentados planos estratégicos de segurança para a realização de eventos no estádio.

– É uma exigência do Estatuto do Torcedor que haja planos de ação para jogos e campeonatos. Vamos pedir a interdição até que estes documentos sejam apresentados, examinados e aprovados pela polícia militar – disse Terra, em entrevista ao Sportv.

FALHAS DE SEGURANÇA

Segundo Terra, clubes e entidades, como a federação, já não vinham apresentando tais documentos.

– O Ministério Público já tinha entrado com pedido de torcida única, até que os planos de ação fossem aprovados. A medida foi derrubada pela Justiça. Na mesma ação, fizemos um novo pedido para a apresentação dos documentos e planos de segurança. Agora, pediremos a interdição do estádio. Há uma falha no cumprimento, por parte dos organizadores, do dever de dar segurança ao torcedor – afirmou o promotor. – Já pedimos torcida única e pedimos implantação da biometria, que é relativamente barata e impede a entrada de torcedores banidos de estádios pela justiça. Dá a sensação de que a lei está sendo cumprida.

Bevilacqua, procurador-geral do STJD, admite que a interdição pode se prolongar bem mais do que a perda de dez mandos de campo prevista no Artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD). No caso do Serra Dourada, interditado por uma semana, a liberação ocorreu depois que o clube instalou uma barreira entre a arquibancada e a geral. O STJD tentará detectar se há alguma precariedade em São Januário.

– Não temos o poder de fiscalizar, mas contamos com os órgão públicos. No caso do Serra Dourada, descobrimos o “defeito” e pedimos que fosse construída uma barreira. Se detectarmos um problema em São Januário, interditamos e, nesse caso, o clube e os órgãos públicos, quando acharem que o estádio está novamente apto, terão de provar isso. O Serra Dourada só foi liberado quando foram instaladas as grades de proteção e os órgãos públicos deram o ok.

 

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