STJD pede imagens da Arena do Grêmio em apuração de denúncia de injúria racial contra Carlinhos, do Flamengo

A procuradoria do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) oficiou o Grêmio solicitando a disponibilização de gravações de áudio e vídeo da Arena, estádio do clube, que possam ajudar na investigação da denúncia de injúria racial do atacante Carlinhos, do Flamengo. O clube gaúcho tem até cinco dias para ceder as imagens.

“Em face de possível controvérsia sobre o teor das expressões utilizadas pelos torcedores, esta Procuradoria requer que o mandante de campo apresente provas no sentido de esclarecer a natureza das expressões direcionadas ao jogador, bem como outros elementos que possam contribuir para a rápida elucidação dos fatos”, diz parte do ofício do tribunal.

Carlinhos foi expulso aos 12 minutos do segundo tempo em lance com o zagueiro Kanneman durante a derrota do rubro-negro por 3 a 2. Na saída do campo, ele alegou ter ouvido imitações de macaco. Ainda no domingo, o Flamengo publicou uma nota de apoio ao atleta e cobrou a CBF. O rubro-negro pediu que a entidade se posicione sobre o caso.

“O Clube de Regatas do Flamengo informa que o atleta Carlinhos sofreu injúrias raciais ao deixar o campo após ser expulso na partida deste domingo (22), contra o Grêmio, em Porto Alegre. O jogador diz ter escutado imitações de macaco e, em um vídeo de uma matéria do veículo “Lance!”, ouve-se nitidamente uma voz proferindo a palavra “macaquinho”. O Flamengo apoia totalmente o atleta, repudia o ocorrido e aguarda posicionamento da CBF”, diz a nota do Flamengo.

 

No ofício, o STJD ressalta ainda que o Grêmio tem colaborado com a investigação desde a denúncia. Na manhã desta segunda-feira, o clube afirmou em nota que identificou o torcedor envolvido. Questionado sobre o caso, ele negou que teria chamado o jogador rubro-negro de “macaquinho”, uma vez que, segundo o comunicado, disse ter falado “tá brabinho”.

“Consigna-se a destacada postura colaborativa adotada pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense até o presente momento, ao apurar a ocorrência, identificar os torcedores envolvidos e informar o iminente registro dos depoimentos perante as autoridades policiais”, diz outro trecho do ofício.

Veja o ofício completo do STJD:

 

“A PROCURADORIA DE JUSTIÇA DESPORTIVA, por seus representantes infra-assinados, no uso de suas atribuições legais vem, por meio deste, em caráter de urgência, solicitar a disponibilização, no prazo improrrogável de 5 (cinco) dias a contar do recebimento deste Ofício, de gravações de áudio e vídeo relacionadas ao incidente ocorrido no dia 22 de setembro de 2023, durante a partida entre Grêmio e Flamengo, válida pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, na Arena do Grêmio.

Conforme notícia amplamente divulgada na imprensa local e nacional, esta Procuradoria tomou ciência de alegado caso de injúria racial envolvendo o atleta Carlinhos, do time do Flamengo-RJ, após sua expulsão no início do segundo tempo da partida. Segundo o comunicado oficial do Flamengo, “o jogador diz ter escutado imitações de macaco e, em um vídeo de uma matéria do veículo Lance!, ouve-se nitidamente uma voz proferindo a palavra ‘macaquinho’”, fato controvertido pelo Grêmio que relata o emprego, por dois torcedores já identificados, da expressão “tá brabinho”.

Em face de possível controvérsia sobre o teor das expressões utilizadas pelos torcedores, esta Procuradoria requer que o mandante de campo apresente provas no sentido de esclarecer a natureza das expressões direcionadas ao jogador, bem como outros elementos que possam contribuir para a rápida elucidação dos fatos.

Consigna-se a destacada postura colaborativa adotada pelo Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense até o presente momento, ao apurar a ocorrência, identificar os torcedores envolvidos e informar o iminente registro dos depoimentos perante as autoridades policiais. Além disso, o clube manifestou, por meio de nota pública divulgada no presente dia, o desejo de colaborar com a Justiça Desportiva e órgãos públicos para o adequado esclarecimento do caso.

Considerando o compromisso firme desta Procuradoria em combater qualquer espécie de discriminação racial com prioridade máxima, a presente solicitação de provas audiovisuais apresenta-se como medida proporcional para casos, como o ora tratado, em que haja: (i) dúvida razoável acerca do teor das ofensas racistas; e (ii) adoção de condutas colaborativas pelo clube mandante para o esclarecimento da situação, como a identificação dos ofensores, registro de boletim de ocorrência, entre outras.

Agradecemos antecipadamente pela colaboração e compreensão, esperando que este incidente possa ser esclarecido de maneira célere, preservando os valores do fair play e do respeito mútuo que devem prevalecer no Futebol”.

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