Prints de Rui Costa balança base política

A exclusão dos estados da reforma da Previdência não repercutiu bem na Bahia. Conversas que teriam sido trocadas em um grupo de WhatsApp entre o governador do estado, Rui Costa, e a bancada do PT na unidade federativa, sugerem que o chefe do Executivo estadual orientou aos parlamentares a não “botarem a cara para aprovar um projeto que não tem apoio popular no Nordeste”. É o que indicam as mensagens obtidas pelo Blog do Vicente, do Correio Braziliense, em prints aparentemente vazados, em que, inclusive, um possível deputado federal diz que torceriam pela aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 6/2019.

O grupo em que as conversas ocorreram é intitulado de Estratégia, e tem como imagem as iniciais “P” e “T” e uma estrela, ambas em cor amarela, ao centro de um fundo vermelho. Embaixo do nome do grupo, estão listados os nomes “Pelegrino”, “Rui Costa Gov” e “Solla”. A lista se encerra com reticências, sugerindo que podem haver outros integrantes ou o nome atribuído a “Solla” é mais longo do que o espaço destinado aos integrantes.

Os nomes dispostos no print sugerem ser um grupo formado por deputados do PT na Bahia e pelo governador do estado. “Pelegrino”, embora tenha só um “l”, supostamente indica que seja o deputado federal Nelson Pellegrino (PT-BA). “Solla” aparentemente se refere ao deputado federal Jorge Solla (PT-BA). Já “Rui Costa Gov” indica que seja o chefe do executivo estadual, Rui Costa.

O primeiro print, atribuído a Rui Costa, transmite a ideia de que o governador teria orientado os deputados a votar contra a reforma da Previdência, ao se referir do substitutivo aprovado na Comissão Especial, que retirou os estados e municípios do texto. “É aquilo que conversamos. Já que a proposta não foi enviada do jeito que imaginamos (incluindo os estados), não vamos botar a cara para aprovar um projeto que não tem apoio popular no Nordeste”, declarou.

Plateia

Um membro do grupo desconhecido, que, aparentemente, tirou os prints, diz concordar com o governador e diz que, “agora, o melhor é jogar pra plateia”. Pellegrino teria acatado a sugestão do governador. “Combinado. Votamos contra e ficamos bem em nossas bases”, ponderou. O desconhecido responde em cima de “Pelegrino”, dizendo que, apesar do voto contrário, torcerão pela aprovação da matéria. “Mas claro que vamos torcer para a reforma ser aprovada.”

A resposta do integrante em anonimato é respondida pelo governador, que, ironicamente, diz para ter cautela e não deixar a mensagem vazar. “Cuidado para esse print não virar matéria no Intercept”, disse. A mensagem faz referência ao site The Intercept, que tem vazado supostas conversas entre o ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e procuradores da Operação Lava Jato.

Ao fim da conversa vazada, Rui Costa teria sugerido que o melhor seria a aprovação de uma reforma com regras mais duras para alguns. “O ideal, para nós, seriam as regras mais rígidas para servidores públicos, mulheres, professores e trabalhadores do campo. Precisamos achar um deputado para incluir isso. E aí, sim, votamos a favor”, afirmou. A declaração é respondida pelo desconhecido, que comunica que irá “articular isso com um deputado que deve um favor pra gente.”

Resposta

A assessoria de comunicação de Rui Costa nega que as declarações atribuídas a “Rui Costa Gov” sejam, de fato, do governador. E informa que ele determinou a abertura de inquérito para apurar a disseminação de fake news do qual foi vítima. “Rui chamou a atenção para os riscos que todos os cidadãos estão expostos quando criminosos usam as redes sociais para espalhar notícias mentirosas. Na informação inverídica disseminada, foi inventada uma conversa entre o governador e o deputado Nelson Pellegrino em um grupo de Whatsapp. O criminoso ainda simulou que a informação sobre o tema foi postada em um site de notícias”, comunicou. “Todos sabem o meu posicionamento e o dos governadores do Nordeste sobre a reforma da Previdência. Essa fake news vai ser tratada como crime grave”, acrescentou.

A assessoria do deputado Nelson Pellegrino também atribui as informações a notícias falsas. “Trata-se de fake news, ação criminosa que já está sendo investigada pela Secretaria de Segurança Pública da Bahia. Certamente partiu de quem está incomodado com a nossa postura coerente de defender os direitos trabalhistas. Os que condenaram o trabalhador a contribuir por 40 anos, até os 65 anos de idade, cortando pela metade as pensões das viúvas, querem confundir a sociedade para esconder as perversidades que praticam. Todos os deputados do PT votaram contra a Reforma da Previdência e continuam resistindo para retirar parte das maldades desta proposta injusta antes da redação final”, informou.

Com informações Correio Braziliense

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