A PEC em questão proíbe decisões individuais de ministros que suspendam a eficácia de leis ou atos dos presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Congresso. Ela é amplamente interpretada no meio político como uma resposta do Congresso a julgamentos recentes do STF, levantando questionamentos sobre a separação de poderes e o papel de cada instituição.
O ministro Gilmar Mendes, o mais antigo membro do STF, classificou a PEC como uma “ameaça” ao Judiciário e reforçou que a Casa não é composta por covardes. Em seu discurso, ele destacou a importância da “altivez” para enfrentar tentativas de interferência no Judiciário.
“Esta Casa não é composta por covardes. Esta Casa não é composta por medrosos. É preciso altivez para rechaçar esse tipo de ameaça de maneira muito clara”, afirmou Mendes.
O ministro ainda criticou o que chamou de “estranha prioridade” do Legislativo ao limitar o poder do STF em vez de abordar temas urgentes para a democracia. Ele argumentou que ameaças contra a democracia não estão recebendo a devida atenção, e a PEC representa uma abordagem equivocada.
“Nenhuma resposta para temas que são urgentes para a democracia! O problema são o STF e suas liminares. Estranha prioridade!”, enfatizou Gilmar Mendes.
Por sua vez, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, ressaltou que o Senado merece respeito, mas afirmou que o STF não vê razão para mudanças constitucionais que visem alterar as regras de seu funcionamento. Ele alertou que a proposta representa uma ameaça às instituições e destacou o papel do STF como um dique de resistência em momentos de crise.
“Não se sacrificam instituições no altar das conveniências políticas”, afirmou Barroso. Ele lembrou decisões do STF em crises recentes e defendeu as condições para que os ministros continuem atuando com independência.
“O STF, nos últimos anos, enfrentou negacionismo, funcionou como dique de resistência. Por esse papel, recebeu ataques verbais. Após esses ataques, o STF vê com preocupação avanços legislativos sobre sua atuação”, declarou o ministro Barroso.
A PEC ainda precisa ser aprovada pela Câmara dos Deputados para se tornar lei, o que promete manter a tensão entre o Judiciário e o Legislativo nos próximos dias. O embate evidencia a delicada relação entre as instituições fundamentais para a democracia brasileira, levantando questões sobre os limites do poder de cada uma delas e a necessidade de um diálogo constante em busca de soluções para o país.