De O Estado de São Paulo – A pré-candidata à prefeitura de São Paulo, Tabata Amaral (PSB), busca romper a polarização entre petismo e bolsonarismo no âmbito municipal. Seu desafio, destacado nos últimos dias, inclui a resposta a críticas machistas de Valdemar Costa Neto, presidente do partido de Jair Bolsonaro (PL).
Além disso, enfrenta rumores sobre uma possível articulação do presidente Lula nos bastidores para persuadi-la a desistir da eleição em prol da candidatura de Guilherme Boulos (Psol).
Tabata Amaral, na base governista de Lula, é apoiada por Geraldo Alckmin em sua candidatura. Lula negou retirá-la da disputa, elogiou a deputada e expressou apoio em possível segundo turno contra o ‘candidato bolsonarista’ (atual prefeito Ricardo Nunes). Marta Suplicy, ao lado de Boulos, parabenizou publicamente Tabata por sua resposta a Valdemar.
Os elogios de Lula e Marta fazem sentido diante da análise de que, no primeiro turno, Tabata atrairia mais votos de Nunes do que de Boulos, conforme destacou Daniel Weterman no Estadão.
A distribuição geográfica dos votos de Tabata em pleitos anteriores indica que seu eleitorado é majoritariamente de centro e centro-direita. Isso configura um cenário de campanha em que Boulos e Tabata focarão seus ataques em Nunes, evitando conflitos entre si.
Na esfera militante, Tabata provavelmente enfrentará ataques mais contundentes da esquerda petista do que da direita bolsonarista. Aos olhos dos seguidores do ex-presidente, a deputada é percebida no campo político que ela escolheu. As críticas surgem devido à sua oposição ao bolsonarismo e à identificação de ideias do centro progressista.
A militância petista rejeita Tabata, pois ela adota parte da agenda ideológico-partidária sem seguir integralmente os preceitos da esquerda. Desde seu primeiro mandato como deputada federal em 2019, tornou-se alvo frequente de críticas nas redes sociais, especialmente quando suas votações no Congresso não correspondiam às expectativas da esquerda.
Outros parlamentares do PSB, antes no PDT, com posturas semelhantes, não receberam tratamento equivalente, sugerindo aversão particular a Tabata.
Sua juventude e gênero desafiam a ideia de independência em um grupo político, evidenciado quando um político do PT insinuou que, por trás da “carinha de anjo”, há uma reacionária de direita. Blogs e perfis de esquerda frequentemente a retratam como a “queridinha” do setor bancário ou “cria” de grupos liberais, construindo a imagem de uma pessoa manipulável.
Um equívoco frequente é atribuir exclusivamente ao bolsonarismo o impulso para a polarização política irracional que envolve o país. O petismo, ao zelar atentamente por sua hegemonia no campo da esquerda e monitorar possíveis ameaças, também desempenha seu papel nesse cenário. Isso ficará evidente na campanha deste ano, caso Tabata Amaral consiga efetivamente viabilizar sua candidatura.