Tese do brasileiro cordial não tem amparo nos fatos

 Pai de Chico Buarque foi quem primeiro escreveu que o brasileiro seria um “homem cordial”     

Há precisamente 82 anos, o historiador alagoano Sérgio Buarque de Holanda ao estudar o caráter do brasileiro definiu-o como “um homem cordial”. Durante muitas décadas isso foi interpretado como homem cordato, gentil. Mas os fatos da atualidade desmentem na prática esse conceito, o que levou o historiador a explicar, posteriormente, que “homem cordial” não era “homem gentil” e sim aquele que age sob os impulsos do “coração”. Basta lembrar em que 2017 foram assassinadas no Brasil mais de 60 mil pessoas e cada um desses crimes teve como causa, óbvio, uma “ação cordial”, ou seja, proveniente do coração. Isso fez com que numa entrevista recente à TV Nova o romancista pernambucano Raimundo Carrero tenha sustentado a contratese de que não somos um “povo cordial” no sentido de povo lhano, e os fatos também lhe dão razão.

Como sustentar a tese da “cordialidade” se na presente campanha presidencial o tema central da disputa foi a violência, a tortura, a liberação da compra de armas e a definição do MST como “movimento terrorista” que deve ser enfrentado na base da pistola? Talvez preocupada com esse quadro de radicalismo, a cúpula das Forças Armadas reuniu-se em Brasília na última quarta-feira para defender que o próximo presidente da República, seja ele quem for, trabalhe pela pacificação do país. A tese dos militares está correta. Mas a provável vitória de Bolsonaro não aponta em direção à conciliação tanto por causa dos “radicais” dele como também pelos “radicais” que desejam fazer-lhe oposição.

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