The Guardian repercute omissão do governo do Brasil sobre mortes de artistas na pandemia
O jornal britânico The Guardian repercutiu, nesta terça-feira (12), a omissão do governo federal sobre as a perda de artistas e intelectuais brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus, no que chama de “ano extraordinariamente devastador” para a cultura nacional.
Intitulada como “O silêncio de Bolsonaro sobre a morte de artistas reflete desdém pela cultura brasileira”, a matéria destaca a ausência de homenagens póstumas a nomes como os músicos Aldir Blanc e Moraes Moreira, da matriarca da Portela, Dona Neném, do ator Flávio Migliaccio e dos escritores Luiz Alfredo Garcia-Roza, Sérgio Sant’Anna e Rubem Fonseca.
“Na maioria dos países, tais passagens seriam marcadas com luto oficial ou palavras de homenagem e arrependimento. Mas, embora tenha havido lembrança pública, o presidente de extrema-direita do Brasil, Jair Bolsonaro, respondeu com silêncio – uma reflexão, dizem os críticos, de seu ódio às artes e à academia”, diz o The Guardian, que citou diversos episódios dos embates do presidente com a classe artísticas.
A matéria diz ainda que o “descaso” de Bolsonaro com o setor vem de muito tempo, a exemplo da recusa em assinar o diploma de Chico Buarque, vencedor do Prêmio Camões, o silêncio após a morte do baiano João Gilberto e a indicação de um torturador da ditadura, Carlos Alberto Brilhante Ustra, como um de seus autores favoritos.
O jornal britânico comentou também o recente incidente envolvendo a secretária Especial da Cultura, Regina Duarte, em entrevista à CNN Brasil, quando minimizou a ditadura e justificou a ausência de homenagens aos artistas mortos para que a pasta não podia “virar um obituário” e ainda o escândalo envolvendo seu antecessor, Roberto Alvim, que fez um pronunciamento oficial cheio de referências nazistas.