Nesta quinta-feira, uma operação da Polícia Federal e do Ministério Público do Rio (MPRJ) prendeu quatro agentes da Polícia Civil e um advogado por tráfico de drogas. Os cinco são acusados pela prática de tráfico de 16 toneladas de maconha e corrupção. Os agentes usaram duas viaturas ostensivas da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) para abordar um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com o entorpecente. Uma conversa de WhatsApp obtida pelo MPRJ mostra o traficante negociando a carga com os agentes de segurança e oferecendo R$ 300 mil para que eles não realizem o flagrante.
Segundo a denúncia do MPRJ, assim que o motorista foi abordado pelos policiais, ele comunicou ao chefe que estava sendo levado para a Cidade da Polícia, onde a negociação com o traficante aconteceu. De posse do telefone do motorista, os agentes fizeram contato com o criminoso, que ofereceu R$ 300 mil em troca da não realização do flagrante. Eles também pediram a liberação do veículo apreendido e a identificação da pessoa que teria delatado aos policiais o transporte das drogas, chamado de “X-9”.
Em outra troca de mensagens, o traficante diz que está no Complexo do Alemão e informa que consegue acompanhar o deslocamento do caminhão com a carga de drogas. Em seu depoimento, o motorista do caminhão contou que os policiais o deixaram em uma sala distante do veículo e informaram que um advogado — Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão, apontado pelo MPRJ como intermediador no esquema — estava a caminho. O condutor explicou que foi levado pelos policiais civis até uma comunidade vizinha à Cidade da Polícia, em Manguinhos, onde a carga foi descarregada.
Entenda o caso
Quatro policiais civis foram presos na Operação Drake, realizada pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Rio, nesta quinta-feira. Alexandre Barbosa da Costa Amazonas, Eduardo Macedo de Carvalho, Juan Felipe Alves da Silva e Renan Macedo Villares Guimarães eram lotados da Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), instalada na Cidade da Polícia, na Zona Norte. Além deles, o advogado Leonardo Sylvestre da Cruz Galvão também foi preso.
Também foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão, expedidos pela 1ª Vara Criminal da Comarca de Resende/TJRJ. Cerca de 50 agentes estão na capital fluminense e em Saquarema, na Região dos Lagos, em endereços ligados aos envolvidos, já denunciados pelo Ministério Público. Um deles foi a Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas, que fica na Cidade da Polícia, local que reúne outras especializadas, como a Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).
A investigação teve início com ação integrada do serviço de inteligência da Polícia Rodoviária Federal com a PF. Em agosto deste ano, duas viaturas ostensivas da DRFC abordaram um caminhão, que veio de Mato Grosso do Sul, carregado com 16 toneladas de maconha na divisa de São Paulo com o Rio de Janeiro. Após escoltarem o veículo até a Cidade da Polícia, os agentes negociaram, por meio de um advogado, a liberação da droga e a soltura do motorista, mediante ao pagamento de propina.
De acordo com a denúncia do MP, “os crimes averiguados são concretamente graves, pois se trata de denúncia envolvendo agentes públicos e advogado, como incursos na suposta prática do crime de tráfico de drogas interestadual, corrupção passiva e corrupção ativa”.