Traficantes preferem rotas no Brasil porque ‘nossos portos e aeroportos são melhores’, diz ministro dos Transportes
O ministro dos Transportes, Renan Filho, encerrou na última sexta-feira (25) uma viagem pela Europa para apresentar a carteira de projetos de rodovias brasileiras a investidores estrangeiros.
A comitiva da pasta esteve em Madri, na Espanha, e em Londres, no Reino Unido, para uma série de encontros com empresas privadas, fundos de investimento e operadores de infraestrutura.
Em sua passagem pela capital britânica, o ministro falou à BBC News Brasil sobre os projetos de ferrovias e rodovias no Brasil e defendeu a infraestrutura do país, que segundo ele é admirada mundo afora.
Renan Filho também elogiou as políticas de proteção ao meio-ambiente do atual governo e pediu que as novas gerações passem a enxergar o Brasil com olhos mais positivos.
“Em boa parte daquilo que o mundo compreende como importante, como defesa da democracia, respeito as preferências individuais do cidadão, preservação ambiental, paz, combate à fome e à pobreza e a miséria, ninguém dá exemplo para a gente não – é a gente que dá exemplo ao mundo”, afirmou na entrevista concedida na embaixada do Brasil em Londres.
Segundo o ministro, o país ainda tem pontos problemáticos, como a violência urbana e a luta contra o tráfico internacional de drogas, impulsionado pela produção de substâncias ilegais nos países vizinhos da América do Sul. Mas, diz, “a nossa infraestrutura é destaque até nesse lado aí”.
“E a droga inunda o Brasil por quê? Para acessar a nossa infraestrutura para ir para o mundo, porque os nossos portos e aeroportos são melhores”, afirmou, acrescentando que as organizações criminosas da região preferem as redes de transporte brasileiras para escoar a produção para Europa e Estados Unidos.
Renan Filho, afirma, porém, que essa situação gera um problema para o país, com violência interna e surgimento de novas facções.
“É um problema para o país, não criado somente pela gente, mas pelos nossos vizinhos que têm na droga a geração de dólar.”
Durante a entrevista, o ministro dos Transportes também respondeu críticas em relação à segurança da malha rodoviária brasileiro e a demora para tirar projetos de novas ferrovias do papel.
Segundo ele, o programa Pro Trilhos, desenvolvido durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e que concedeu várias autorizações para o setor privado construir e operar ferrovia, foi “mal feito”.
“Essas autorizações ficaram conhecidas no Brasil como ‘autorização de papel’. Eles anunciaram que autorizaram centenas de empresas que supostamente constituiriam as suas próprias ferrovias para escoar a sua produção, mas isso nunca se concretizou.”
Renan Filho admitiu que o desenvolvimento ferroviário é um desafio em um país tão grande como o Brasil, mas insistiu que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está trabalhando para endereçar a questão.
“Nós vamos lançar um pipeline de projetos ferroviários até o final do ano, com aportes federais para que aquele projeto tenha viabilidade privada”, disse.
O ministro ainda discutiu o seu futuro político e do partido do qual faz parte, o MDB (Movimento Democrático Brasileiro).
“Eu pessoalmente apoio que o partido apoie a reeleição do presidente Lula em 2026. Isso é uma coisa que ainda será discutida, mas essa é a minha posição pessoal”.
Julian Braun, Folhapress