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Acidente no Agreste deixou um morto (Foto: PRF) |
A menos de 20 dias para o final de 2024, a Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) divulgou um balanço alarmante: o Estado registrou 1.186 mortes causadas por sinistros de trânsito, entre o mês de janeiro e 10 de dezembro. Isso corresponde a uma média de 3,4 mortes por dia.
Em 2023, os números foram ainda mais altos, considerando os 12 meses completos: registraram-se 1.626 óbitos em acidentes de transporte terrestre envolvendo motocicletas. A média foi de 4 a 5 mortes diárias.
Um dos acidentes com morte registrado este ano aconteceu em Tacaimbó, no Agreste, no início de dezembro.
Foi uma colisão frontal entre um carro e um caminhão.
A suspeita é de que o caminhão entrou na contramão da rodovia BR-232. O motorista do carro faleceu no local.
Vítimas em 2024
Além dos óbitos, o número total de vítimas no trânsito subiu em 2024. Até o mês X foram registrados 42.563 casos, 500 a mais do que os 42.073 contabilizados ao longo de todo o ano de 2023. Os dados incluem sinistros envolvendo automóveis, motocicletas, bicicletas e pedestres.
Os acidentes com motocicletas continuam sendo os mais frequentes, seguidos pelos atropelamentos envolvendo ciclistas. No período entre setembro e novembro, o Diario de Pernambuco noticiou seis mortes de ciclistas por atropelamentos.
Números no Recife
Os dados publicados no site do Observatório Nacional de Segurança Viária mostram que Recife, entre os 184 municípios pernambucanos, lidera o número de mortes no trânsito. Nos últimos 10 anos, a capital ultrapassou a marca de 100 óbitos anuais por sinistros de transporte terrestre.
Perfil
O perfil dos mortos de trânsito no Recife é de 80% homens, 48% entre 20 e 39 anos e 48% motociclistas, sendo 42% dessas mortes provocadas no período da noite e madrugada, apesar do menor fluxo de veículos.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), até 90% dos condutores pensam que têm destreza acima da média e por isso, acreditam que podem dirigir acima do limite de velocidade e não se colocarem em risco.
Entretanto, a velocidade do veículo afeta diretamente a distância de para que o condutor conseguirá frear. Se um veículo viaja a 80 km/h em uma estrada seca, por exemplo, são necessários cerca de 22 metros para reagir a um evento. Além disso, mais 57 metros até parar o veículo. Dessa forma, o motorista, provavelmente, mataria uma criança se a atropelasse na condução a 70 km/h. Velocidades mais altas também reduzem o campo visual e a visão periférica do motorista.
A 50 km/h, o condutor tem um campo de visão que cobre menos da metade do que a 30 km/h, por isso, quanto maior a velocidade, menor a capacidade do condutor de detectar um perigo potencial na estrada.
Evento
Esta semana, a Secretaria Estadual de Saúde promoveu um curso de formação para apoiadores das 12 Gerências Regionais de Saúde (Geres) do Estado e representantes de órgãos de trânsito.
A ideia foi ampliar o trabalho de diagnóstico e monitoramento do perfil dos óbitos registrados em decorrência de acidentes nas regiões do Estado.
“O curso de avaliação de óbito por acidente de trânsito é um passo fundamental para o início das atividades nos comitês das 12 Regionais de Saúde. A análise minuciosa do óbito, ocorrido por sinistros, será realizada por profissionais da saúde e especialistas do trânsito de cada região, possibilitando a análise com relatórios e recomendações para os órgãos competentes, baseadas na realidade dos fatores que contribuíram para a perda dessa vida”, destaca a coordenadora-executiva do Comitê Estadual de Prevenção aos Acidentes de Moto, Jakeline Diniz.
Durante a formação, os participantes acompanharam palestras com diversas temáticas, incluindo reflexões coletivas e capacitação como: Óbitos relacionados a sinistros: um problema de saúde pública, a situação dos óbitos por sinistro de trânsito em Pernambuco, a importância do Comitê Regional de Vigilância de Óbito por acidente de transporte terrestre; a definição, organização e atribuições do comitê regional de vigilância de óbitos; a composição de membros dos comitês, além de orientações práticas sobre a análise da ficha de investigação de óbito, investigação hospitalar e modelo de relatório semestral dos comitês regionais.
A coordenadora de Vigilância de Acidentes e Violência da SES-PE, Mariana Barros, enfatiza que a regionalização contribui no desenvolvimento de ações contínuas e integradas. “Os comitês capacitados e alinhados com o nível central permite que tenhamos uma visão real e mais detalhada de cada região do Estado. Assim, as ações serão definidas estrategicamente para contribuir na fiscalização, ações de educação e diminuição no registro de acidentes e óbitos por sinistros”, explica.