Tudo tem seu nome certo

Carlos Brickmann

Um dia perguntaram a Lula se era comunista. “Não”, respondeu. “Sou torneiro mecânico”. Lula tinha razão e não tinha: não era comunista (como não é até hoje); torneiro mecânico tinha sido quando ainda era capaz de lembrar-se dos comandos de um torno. Lula tem fascínio por Cuba e pela família Castro, mas deve achar Maduro um chato. Maduro, Evo e outros seres servem a seus objetivos e são descartáveis. Usou, gastou, lixo.

Lula não é comunista. Nem outros que são chamados de comunistas porque não seguem totalmente a religião do Estado mínimo – até Fernando Henrique, que privatizou a Vale e a telefonia, virou comuna, porque torce para que Lula não vá preso. E João Doria, onde achará um cashmere vermelho para enrolar na gola do macacão Ferragamo sob medida?

Kim Kataguiri, direita? Imagine um debate sobre Economia, com Bolsonaro, Kim e o Instituto Mises. Kim teria de recorrer ao notável livro O caminho da servidão, de Friedrich Hayek: para debater à altura, só subindo no livro. E Suplicy, cuja tese da renda mínima vem da economia liberal, será direitista? Nem toda a direita é fascista, nem toda a esquerda é comunista. É preciso saber quem é quem para que o debate seja livre, sem ódios, e permita achar um caminho para o país.

Caso se mantenha a troca de insultos, como no futebol, acabaremos, como no futebol, tendo jogos de torcida única. Que, em política, se chamam ditaduras.

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