Túneis do medo: A enorme cidade subterrânea de Hitler 

Em meados de 1940, o Führer criou um projeto ambicioso, que, se completo, abrigaria mais de 20 mil pessoas no subsolo

Pamela Malva
Escadas presentes em um dos túneis de Osówka
Escadas presentes em um dos túneis de Osówka – Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

Projetos, esquemas e rascunhos de bombas eram apenas alguns dos arquivos protegidos por Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial. Com dezenas de planos mirabolantes na cabeça, o austríaco sonhava com o esconderijo perfeito.

Assim, em meados de 1940, ele teve uma ideia suntuosa, que sairia do papel em pouco tempo. Aos pés das montanhas Sowie, no sudoeste da Polônia, o complexo subterrâneo de Osówka daria início ao Projeto Riese — gigantesco, em alemão.

Na fronteira com a República Tcheca, então, dezenas de túneis subterrâneos seriam escavados, em um projeto arquitetônico ambicioso. Tudo, é claro, supervisionado por Albert Speer, ministro da produção de armamentos e amigo pessoal de Hitler.

Um dos bunkers construídos em Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Esconderijo perfeito

As plantas do Projeto Riese chegavam aos pés de uma ideia megalomaníaca. Com dezenas de bunkers enormes, interligados por túneis bastante longos, a ideia era criar uma verdadeira cidade subterrânea, com cerca de 35 km2.

Caso fosse terminada e realmente utilizada pelos simpatizantes de Hitler, a área teria a capacidade de abrigar 20 mil pessoas. Entre os possíveis ocupantes, muitos seriam soldados e cientistas alemães, focados em produzir ainda mais projetos do Führer.

Além de bunkers imponentes, a cidade subterrânea ainda contaria com fábricas de bombas. Nelas, Hitler poderia colocar em prática as temidas bombas atômicas nazistas que, por sorte, nunca saíram do papel.

Artefatos encontrados em Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Papéis e documentos

Em meados de 1943, Albert Speer deu início às primeiras construções do complexo subterrâneo. Naquela época, a Baixa Silésia, região polonesa onde a estrutura tomou lugar, ainda fazia parte da Alemanha.

Abandonado às pressas ao final da Segunda Guerra, o complexo de Osówka é um dos maiores do Projeto Riese e conta com um salão principal de 8 metros. Em seus túneis, uniformes, máscaras de gás, armas de grande calibre, gás e picaretas resistem ao tempo.

O que se sabe hoje sobre os enormes bunkers, no entanto, é resultado de longas e minuciosas pesquisas históricas. Isso porque, ao final do conflito, Hitler mandou destruir todos dos documentos e plantas do projeto.

Uma das entradas de Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Sangue e suor

Abaixo da terra, os túneis de Osówka se estendem como teias, todos escavados pelos escravos do nazismo à época. Vindos do campo de concentração de Gross-Rosen, mais de 13 mil judeus trabalharam nas obras complexas. Estima-se que, graças às condições insalubres, cerca de 5 mil deles morreram na construção.

O enorme número de mortes, no entanto, seria ainda maior caso os bunkers tivessem sido terminados. Em suas memórias, Albert Speer escreveu que a preocupação de Hitler com a própria sobrevivência chegava a “níveis insanos”.

Dessa forma, acredita-se que o projeto atingiria medidas absurdas. Se a guerra tivesse durado mais dois anos, segundo alguns estudiosos, o Projeto Riese estaria funcionando em sua totalidade, considerando o ritmo das construções.

O Complex Rzeczka, um dos 7 bunkers nazistas / Crédito: Wikimedia Commons

 

Abandono e herança

Apesar do tamanho das construções e de sua importância histórica, acredita-se que, a partir de correspondências de Albert Speer, apenas 10% dos túneis tenham sido descobertos. Isso porque, atualmente, escavar a área é bastante caro.

Dessa forma, enquanto universidades não demonstram tanto interesse em descobrir mais túneis, explorações privadas e milionárias tomam conta dos artefatos encontrados. A motivação deles, todavia, é encontrar ainda mais tesouros, como a Sala de Âmbar, saqueada pelos soldados da SS durante a Segunda Guerra.

Os túneis nazistas, contudo, se estendem além do esperado. A mais de 60 metros abaixo do castelo de Książ, que estava sendo reformado para ser a futura residência de Hitler, dois andares de galerias também foram construídos. Junto de Osówka, a estrutura deixa clara a urgência do Führer em encontrar um abrigo permanente durante o conflito.

Confira mais imagens da cidade subterrânea:

Carrinhos usados para a retirada de entulho / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Uma dos enormes túneis de Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Máscara de gás encontrada em Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Arma e local de tiros em Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

Um dos túneis ainda com estruturas de madeira em Osówka / Crédito: Divulgação/Cidade subterrânea de Osówka

 

 

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