Turbulência pesada: Tempo começa a fechar

Gleide Ângelo

Foto Edson Mota JC Online

Dez dias depois da morte do empresário Paulo César Barros Morato, 49 anos, a Polícia Científica de Pernambuco realizou, neste sábado (2), uma nova perícia no quarto do motel, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, onde o corpo foi achado, no último dia 22. Após a perícia, a delegada Gleide Ângelo, responsável pela investigação e a perita Vanja Coelho cederam entrevista coletiva à imprensa.

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Gleide afirmou que Polícia Civil precisa de tempo para concluir investigação, mas afirmou que a apuração está adiantada. “Estamos muito adiantados. Em menos de duas semanas teremos a conclusão do caso Morato, estamos na reta final mesmo”, disse.

O trabalho dos peritos foi alvo de polêmica. O Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) denunciou que a investigação foi prejudicada por ingerência de autoridades do estado, que teriam impedido a execução de uma segunda vistoria no local, um dia depois de o cadáver ser encontrado. “Nosso interesse é pela transparência do caso”, afirmou Gleide Ângelo.

Sobre a possibilidade de homicídio, a delegada disse que vai investigar todas as possibilidades. “Iremos mostrar todas as cenas que aconteceram no dia do crime e vamos investigar todas as possibilidades do caso. A perícia de hoje foi fazer uma planta do local”.

Durante a coletiva, Gleide disse que o objetivo da nova perícia foi conhecer os detalhes da estrutura física do motel e apresentar ao perito criminal responsável por analisar as câmeras onde estão instalados os equipamentos de filmagem. A delegada alegou que o procedimento foi de praxe. “Eu recebi as imagens das câmeras e há a necessidade de fazer perícias das imagens. O perito criminal não conhecia o local e a posição das câmeras. Com essa perícia, ele vai saber agora como tudo aconteceu”, ela explicou.

A perita Vanja Coelho informou que a visita ao local da morte neste sábado foi para realizar o rebatimento topográfico da área interna e externa do motel, incluindo o quarto em que o corpo foi encontrado. “Toda a área foi medida e fotografada para que um perito especializado produza um desenho esquemático para que tenha-se todas as possibilidades de entrada e saída, declinação de câmeras”, explicou.

O caso está envolto em mistério, uma vez que ainda não se sabe se houve crime ou se o próprio Morato ingeriu o veneno.

Paulo César de Barros Morato. Ele era foragido da Operação Turbulência, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro que supostamente abasteceu campanhas do ex-governador Eduardo Campos (PSB).

De acordo com informações passadas à Rádio Jornal, os policiais foram ao local para fazer imagens de todo o estabelecimento. Durante a manhã, a imprensa permaneceu em frente ao local, entretanto, a equipe da polícia saiu do motel sem se pronunciar. A delegada responsável pelo caso, Gleide Ângelo, e a perita Vanja Coelho estiveram no local. Uma coletiva deve ser realizada nesta tarde, para que sejam apresentadas novas informações.

No último dia 22, o corpo de Morato no motel e a Secretaria de Defesa Social (SDS) já confirmou o seu envenenamento por organofosforado, popularmente conhecido como “chumbinho”. Em nota, a SDS ainda informou que resta ser concluída a perícia das imagens do circuito interno e esclarecer detalhes sobre o local da morte.


Confira a íntegra da entrevista:

A equipe de reportagem da Rádio Jornal que foi ao motel neste sábado chegou a ser intimidada por um homem que se identificou como policial civil em um carro modelo Uno preto, estacionado em um posto de gasolina próximo ao motel. O homem disse para a equipe sair do local, que, por receio, saiu. Em seguida, o homem entrou no motel.

De acordo com funcionários do motel, o empresário deu entrada por volta do meio-dia ainda do dia 21, poucas horas após o cumprimento dos outros quatro mandados de prisão preventiva. Mais de vinte e quatro horas depois, sem conseguir contato com ele, a administração chamou a Polícia Militar. Até então não se sabia que Morato era procurado pela Polícia Federal.

TURBULÊNCIA

Paulo César Morato

A ação da Polícia Federal foi para desarticular um esquema de lavagem de dinheiro que supostamente abasteceu campanhas de Eduardo Campos. A investigação começou no início do ano, com a apuração sobre a compra do jatinho usado pelo socialista na campanha presidencial de 2014. Eduardo morreu na queda do mesmo avião.

Apontado como ‘testa de ferro’ da organização, Morato era o dono da Câmara e Vasconcelos Locação e Terraplanagem, empresa que recebeu R$ 18,8 milhões da construtora OAS. Para a Polícia Federal, há indícios de que o dinheiro tenha sido desviado das obras da Transposição do Rio São Francisco supostamente para a campanha presidencial de Eduardo Campos.

No curso da Operação Turbulência foram cumpridos quatro mandados de prisão. Foram presos os empresários João Carlos Lyra Pessoa de Melo Filho, Eduardo Freire Bezerra Leite, Apolo Santa Vieira e o advogado Arthur Roberto Lapa Rosal. O quinto mandado de prisão era de Paulo César de Barros Morato.

 Fonte: Jemildo Melo/JC

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