Um castelo de areia

Opinião

Quando montou a sua equipe, no apagar das luzes de 2022, a governadora Raquel Lyra (PSDB) deu uma demonstração, mediante a escolha dos nomes, que o seu critério no controle de qualidade foi um improviso. Não ouviu ninguém, nem mesmo o seu partido, o PSDB. Nem tampouco a vice-governadora, Priscila Krause (Cidadania), que diz governar o Estado com ela a quatro mãos, que, na prática, não é tão verdadeiro assim.

O tempo se encarregou de revelar que a montagem do primeiro escalão se deu de forma atabalhoada, sem critérios. Em menos de oito meses no poder, a tucana já trocou três secretários – Agricultura, Cultura e Mulher. As mudanças devem incluir, em breve, novas pastas como a de Recursos Hídricos. O titular José Almir Cirilo não foi ouvido na escolha do novo presidente da Compesa, estatal na sua estrutura de poder.

Sem sequer sondar a opinião de Cirilo, a governadora escolheu o advogado Alex Campos para dirigir a estatal. Seu nome deve ser confirmado nos próximos dias. A demora se dá em razão do processo burocrático que envolve a sua saída da diretoria da Anvisa, em Brasília, onde ele atua, tendo, inclusive, servido ao Ministério da Saúde na gestão de Luiz Henrique Mandetta.

Sem ter poder de mando na Compesa, Cirilo perde completamente o controle da estatal e vira uma rainha da Inglaterra. É o tipo de castigo que a governadora gosta de dar a quem escolhe sem o menor critério político e administrativo. É bom lembrar que Cirilo estava afastado há muito tempo do setor público, quando foi secretário de Miguel Arraes no seu primeiro mandato e durante o segundo mandato de Eduardo Campos.

Com esse troca-troca, Raquel dá uma demonstração de que não sabe escolher equipe. Quem está no primeiro e no segundo escalões sofre momentos de tremenda ansiedade e angústia, porque o governo tucano é o reinado da instabilidade. Quem muda muito os auxiliares é porque, na prática, não sabe montar o seu exército.

Na última quarta-feira, neste espaço, sugeri que a governadora lesse um livro com os ensinamentos de O Príncipe, a canetada de ouro de Maquiavel, na tentativa de colaborar, mesmo de forma indireta, com a recuperação da face desastrosa do seu Governo.

Agi com a maior naturalidade, mas sem fé alguma em seus resultados, porque sei que a governadora não escuta sequer os aliados, imagine dar ouvidos a conselhos de um jornalista que não bate continência para seu Governo, de viés extremamente autoritário.

Por: Magno Martins

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