Um presidente e uma primeira-dama dos EUA no Recife
Jimmy Carter, em 1972, quando era governador da Geórgia passou alguns dias no Recife, hospedado na casa do casal Camilo e Janete Steiner, em Piedade. Ela era norte-americana e tinha sido colega de escola de Rosalynn Carter de quem ficou amiga para sempre. Um filho do casal ficou na casa dos Carter quando estudou nos Estados Unidos. O casal foi homenageado pelo governador Eraldo Gueiros no Campo das Princesas, quando ele foi saudado pelo vice-governador Barreto Guimarães. No dia seguinte, fui um dos jornalistas convidados para um almoço na casa de Camilo Steiner. Recordo de um fato interessante: Anchieta Hélcias, que era secretário de Indústria e Comercio, perguntou se ele seria candidato a presidente dos Estados Unidos. Carter então perguntou: “Qual o estado mais pobre do Brasil”. Anchieta respondeu; O Piauí. Carter respondeu: “pois a Geórgia é o Piauí dos Estados Unidos. Será que um governador do Piauí pode ser presidente do Brasil?” Apesar da resposta negativa, ele acabou presidindo o sue país.
Em junho de 1977, quando era primeira-dama dos Estados Unidos, Rosalyn Carter, voltou ao Recife e, novamente, ficou na casa do casal Camilo e Janete Steiner, em Piedade. Graças ao cargo que o marido ocupava veio com uma comitiva de 45 pessoas, no avião presidencial e foi recebida na Base Aérea por uma apresentação de frevo, com 60 alunos de escolas públicas do Recife e Olinda. Fiz a cobertura da visita e recordo que uma pessoa (cujo nome não lembro) cedeu sua casa, vizinha da do casal Stein, à disposição dos jornalistas, com direito a cafezinho, sucos, bolachinhas. O governador José Francisco de Moura Cavalcanti colocou à disposição dela seu carro oficial, um Landau preto e passou a usar o cargo da primeira dama Margarida. Foi no carro, que a primeira-dama dos Estados Unidos chegou à Creche Tio Zé, na UR-10, no bairro do Ibura, recebida pelos alunos, que ganharam fardas novas, em clima de festa. Depois foi à modesta casa de Maria Áurea da Conceição, que ficava no número 21 da Rua Monte Alegre, na vila construída pelo governo do estado, Ela ganhou um broche de Rosalyn, que usou a vida inteira e fez questão se enterrado com ele, tão importância que deu à joia. Rosallyn Carter ficou exatas 23 horas em Pernambuco.
Para se ter ideia da importância da visita, 38 jornalistas dos três maiores canais de TV, de jornais, de revistas e de agências de notícias dos Estados Unidos acompanharam a visita da primeira-dama. Eles ficaram hospedados no Hotel Miramar, onde foram instaladas cinco linhas telefônicas internacionais, duas interurbanas, duas locais e cinco Telex, 15 máquinas de escrever para o trabalho dos jornalistas. Além dos norte-americanos, muitos brasileiros, dos principais jornais, rádios e emissoras de televisão.
Rosalynn Carter e Janete Steiner reuniram 18 mulheres da nossa sociedade, a começar das primeiras damas de Pernambuco, Margarida Moura Cavalcanti e do Recife, Geralda Farias. Em destaque o bolo Souza Leão, que a primeira dama tinha gostado tanto, na primeira vinda ao Recife, que constantemente Janete mandava para ela nos Estados Unidos. Já no jantar íntimo no mesmo dia, como revelei na minha coluna foi serviu-se o prato predileto da primeira-dama: garoupa ao forno, com molho de camarão. Extremamente simples e simpática, a primeira-dama dos Estados Unidos encantou a todas. Ao contrário do almoço quando da visita de Jimmy Carter, os jornalistas não foram convidados.
Nas muitas cartas que chegaram para a primeira-dama dos Estados Unidos, que foram entregues a uma auxiliar para serem levadas, numa, como a própria primeira-dama revelou, um morador do interior dizia ter batizado o filho com o nome do presidente Jimmy Carter. Ela respondeu dizendo que na próxima vinda ao Recife queria se encontrar com ele. A nova visita acabou não acontecendo. Outra curiosidade: Rosalynn Carter tinha dito que tinha adorado o suco de pitanga. E ela ganhou exatas 42 caixas da fruta, que foram encaminhadas para o avião, na sua volta a Washington.
Fonte: Blog do Magno Martins