Uma Aldeia em cada um

Jailson Lima

Deus salve o Aldeia que interfere na arquitetura e reveste nossa cidade com novos tons, cores, sons e sabores. Realizado pelo Sesc Petrolina, a 9ª edição do Aldeia do Velho Chico – Festival de Artes do Vale do São Francisco, saiu às ruas, percorreu os bairros, navegou no rio, aportou na ilha do Massangano, mudando literalmente nossas vidas nestes 17 dias de agosto de 2013.

Marcante por sua própria natureza inovadora, esta edição do Aldeia, em homenagem a artista/ artesã Ana das Carrancas, certamente vai deixar saudades pelo ineditismo de ações como a Cena 10 (dez cenas  representativas da produção artística local) e o Tecendo Idéias, um espaço para discussões, onde o público e personalidades da cena local e nacional, alinhavaram questões primordiais para o entendimento de temas relacionados a várias linguagens artísticas. E por falar em ações, mobilizamos mais de 1.000 artistas durante o festival com a oferta de 120 atrações de várias partes do país nas linguagens de teatro, dança, música, artes visuais, cinema e literatura. Desde a abertura, no último dia 2 – quando o cortejo Abre Alas pro Velho Chico, tomou as ruas do centro da cidade, até o Virarte – com 12 horas ininterruptas de atrações no Sesc Petrolina, vivemos uma programação intensa e variada com espetáculos, exposições, performances, interferências urbanas, lançamento de livros, recitais, mostras, circuito itinerante de artes pelas escolas públicas, além da oferta de um leque de atividades formativas com 16 opções em oficinas de capacitação e para estudantes.

Dando continuidade ao processo de descentralização das ações do Sesc Petrolina, esta edição do Aldeia também esteve na Praça Dom Malan e nos bairros Alto do Cocar, Pedra Linda e Areia Branca, além  do interior do município – nas localidades do Serrote do Urubu, Porto da Ilha e Núcleo 09 do projeto de irrigação Senador Nilo Coelho. E ampliando ainda mais os territórios dessa Aldeia cultural, no São Gonçalo, a recepção foi muito boa com a Cena Biruta – uma proposta teatral centralizada na figura do palhaço que movimentou o bairro durante quatro dias. E na Cohab VI, uma unidade móvel adaptada com palco e telão, levou à comunidade o projeto Teatrosesc com a exibição de filmes, muita música, dança e teatro.

Sempre contando com um bom público, superamos as expectativas em muitos dos nossos eventos. Nos espetáculos do Palco Giratório, por exemplo, tivemos lotação completa nas encenações de Luis Antonio Gabriela e de Simbá, o Marujo. Neste Virarte, tivemos um movimento superior às edições anteriores, em todos os espaços, além do sucesso absoluto com as exibições da Mostra Sonora Brasil, onde quatro grupos de samba e tambor do Pará, Amapá, Bahia e Rio Grande do Sul encantaram a todos. No balanço geral – contando que  esta edição se estendeu até o domingo (18) – com  apresentação do Baque Opará, Samba de Véio e o Alabê Ôni, superamos a marca de 70 mil pessoas do Aldeia, na edição passada. Uma conquista que aumenta ainda mais a nossa responsabilidade em fazer, no ano que vem, uma décima edição muito mais bonita e ainda mais cultural. Uma Aldeia que promove o intercâmbio cultural, qualifica a produção local, gera entretenimento de qualidade e fomenta o gosto pelas mais variadas expressões artísticas. Um movimento de produção, pensamento e apreciação artística que já se consolidou como o maior festival de arte da região. Uma Aldeia em cada um.

 

*Coordenador do Festival Aldeia do Velho Chico e Supervisor de Cultura do Sesc Petrolina – PE

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