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No País, no ano passado, foi registrado um total de 4.944 mortes violentas intencionais de jovens, com idades entre 0 a 19 anos (Foto: Rafael Vieira/DP Foto) |
Pernambuco ocupa a quarta pior posição no ranking de violência contra jovens em todo o país, segundo pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e do Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
Ao todo, 412 bebês, crianças e adolescentes foram assassinados em 2023.
Intitulado “Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil”, o estudo foi divulgado nesta terça-feira (13). Ele foi feito com base em dados oficiais dos governos estaduais.
No País, no ano passado, foi registrado um total de 4.944 mortes violentas intencionais de jovens, com idades entre 0 a 19 anos.
Um dos casos aconteceu em julho, em Igarassu, no Grande Recife. Na ocasião, a menina Maria Vitória Dantas Rodrigues, de 8 anos, estava jantando e ouviu um desconhecido chamar por um vizinho na rua. Ao abrir a porta de casa, ela acabou baleada no abdômen e não resistiu.
Por causa dessa e de outras ocorrências, Pernambuco atingiu uma taxa de 16 assassinatos para cada 100 mil crianças e adolescentes em 2023, de acordo com a pesquisa.
O cenário de mortes violentas no Estado só não é pior do que o constatado no Espírito Santo (18,5 assassinatos por 100 mil habitantes), na Bahia (23,5) e no Amapá (33,9), a unidade federativa que proporcionalmente registrou mais ocorrências contra jovens.
Taxa nacional
Já a taxa nacional, que considera o resultado de todos os estados, é de 9,1 mortes por 100 mil.
Para o cálculo, o Unicef e o FBSP consideraram os índices de homicídio, feminicídio, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e mortes decorrentes de intervenção policial.
Representante do Unicef no Brasil, Youssouf Abdel-Jelil afirma que os estados devem investir em políticas de prevenção para enfrentar o cenário.
“É urgente que os governantes tenham como prioridade acelerar o enfrentamento da violência letal e sexual contra as crianças”, diz.
Melhora recente
Apesar de o resultado geral ainda ser considerado “assustador” pelos pesquisadores, o estudo também mostra que o panorama em Pernambuco já foi pior e apresentou melhoras recentes.
Em 2022, o estado havia registrado 449 assassinatos de crianças e adolescentes, um índice que é 8,2% superior em relação ao atual.
Já em 2021, foram 514 jovens mortos violentamente, ou uma centena de casos a mais comparado com o cenário de 2023.
A análise dos dados aponta, ainda, que a grande maioria das ocorrências em Pernambuco envolveu jovens de 10 a 19 anos.
Foram 404 pessoas dessa faixa etária assassinadas, o que representa 98% do total. As outras 8 vítimas tinham de 0 a 9 anos.
Faz parte dessa última estatística o caso de um bebê, de apenas três meses, que morreu após dar entrada em um hospital de Paulista, na Região Metropolitana, com marcas de pancadas, queimaduras e mordidas, em setembro. Os pais da criança foram detidos em flagrante.
“Entre crianças, a maioria das mortes ocorre na residência e são de autoria de conhecidos, o que nos permite inferir que frequentemente decorrem de maus-tratos que se passam no ambiente intrafamiliar”, diz o relatório.
Perfil das vítimas
O estudo também traçou o perfil de quem são as principais vítimas de violência contra jovens no Brasil: pessoas negras, do sexo masculino e com idade entre 15 e 19 anos.
Segundo a pesquisa, considerando os dados de 2023, a taxa de homicídios de um jovem negro é de 18,2 para cada 100 mil habitantes no país. Para meninos brancos, o índice cai a 4,1. Já entre meninas brancas, o grupo menos atingido, o indicador é de apenas 0,9.
“O resultado reforça o peso que o fator raça exerce na dinâmica das mortes violentas, com mais impacto inclusive do que o gênero”, constata o relatório. “Assim, um menino negro de até 19 anos no país tem 21 vezes mais chances de ser vítima de homicídio do que uma menina branca”.
Na maior parte dos casos, as vítimas são mortas com uso de arma de fogo.
Esse é o meio utilizado em 86,3% dos assassinatos de jovens entre 15 e 19 anos.
Em seguida, aparecem armas brancas (8,8%), outros objetos (3,6%) e agressões físicas (1,4%), como asfixias ou espancamentos.
O que diz o Governo
O Diario de Pernambuco entrou em contato com a assesoria de comunicação da Secretaria de Defesa Social (SDS) e aguarda retorno.