Usina Santa Terezinha: arte e cultura na mata pernambucana

Desativada na década de 1990, a Usina Santa Terezinha abriga o projeto Usina de Arte desde 2015

A área aberta ao público, sem cobrança de ingresso, tem 30 hectares / Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem

A área aberta ao público, sem cobrança de ingresso, tem 30 hectares
Foto: Felipe Ribeiro/JC Imagem
Cleide Alves
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Ao longo de quase 70 anos, do fim da década de 1920 até meados de 1990, a Usina Santa Terezinha produziu açúcar e álcool no município de Água Preta, a 130 quilômetros do Recife. Com o fim da moagem, a empresa saiu de cena por mais de 20 anos até ser reaberta e lançar, em 2015, um projeto que une arte, cultura e educação na Zona da Mata Sul de Pernambuco.

A Usina de Arte ocupa 30 hectares da propriedade e pode ser visitada gratuitamente todos os dias da semana, pela manhã e à tarde. “Nem porteira nós temos”, convida Ricardo Pessoa de Queiroz, responsável pelo novo empreendimento na Santa Terezinha. É um lugar para se contemplar a natureza, ouvir os pássaros cantar e apreciar as esculturas de grande porte espalhadas nos jardins.

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Destilaria da antiga Usina Santa Terezinha, em Água Preta, na Zona da Mata Sul de Pernambuco
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Distante 10 quilômetros do Centro de Xexéu e 35 quilômetros do Centro de Água Preta, a Usina Santa Terezinha é conhecida pelo festival cultural que promove uma vez por ano, sempre no mês de novembro. “Já tivemos quatro edições, todas com atrações gratuitas”, diz Ricardo Pessoa de Queiroz. Mas o projeto é bem mais amplo, mobiliza moradores e ajuda a incrementar a economia local.

“No decorrer do ano, realizamos oficinas para a comunidade, com atividades produtivas, e esse aprendizado proporciona um meio de vida”, declara o empresário. Pelo projeto, já foram realizadas oficinas de panificação, fabricação de pífano e cerâmica, moda, corte e costura. Este ano, um grupo de 14 artesãos da região participará da Feira Nacional de Artesanato (Fenearte) no estande da Usina de Arte, informa Ricardo Pessoa de Queiroz.

Uma escola de música é outra ação mantida o ano todo na Usina Santa Terezinha, para o ensino de violino, violoncelo, viola, flauta transversa, tuba, clarinete e outros instrumentos usados em orquestra. Os professores são do município de Palmares, na Zona da Mata Sul, e do Conservatório Pernambucano de Música, parceiro do projeto. Os alunos são levados para o Recife, onde têm aulas complementares no conservatório.

Nenhum aluno paga mensalidade para frequentar o curso de música. “São jovens da região e tudo é gratuito para eles, a idade mínima de acesso é 16 anos”, diz Ricardo Pessoa de Queiroz, que mantém o projeto Usina de Arte com recursos próprios e auxílios eventuais de parlamentares e empresários. Convênio com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) garante cursos e consultoria destinados a empreendedores.

Transformação

O acesso à Usina Santa Terezinha, situada no quilômetro 10 da PE-99, é feito pela BR-101, no sentido de Maceió (AL). “Ela foi fundada por meu bisavô, José Pessoa de Queiroz, que atuou como empreendedor na construção do antigo edifício do Jornal do Commercio (Rua do Imperador, no Centro do Recife) e do prédio do Hospital Barão de Lucena (Avenida Caxangá, na Iputinga, Zona Oeste da capital)”, afirma Ricardo Pessoa de Queiroz.

A ideia de transformar as terras da destilaria desativada num centro de arte e cultura nasceu logo depois do empresário visitar com a esposa o Instituto Inhotim, em Minas Gerais, considerado o maior museu a céu aberto do mundo. “Tivemos a inspiração de começar um trabalho que fizesse sentido para a comunidade”, destaca Ricardo Pessoa de Queiroz. O trecho aberto ao público corresponde ao velho campo de aviação da Usina Santa Terezinha.

Com um projeto paisagístico, a área ganhou lagos, plantio de mais de cem espécies diferentes de palmeiras de diversos lugares do mundo, grama e bancos de madeira. As esculturas em exposição permanente são resultantes das residências artísticas realizadas pelo projeto. Estão nos jardins e também no hangar da pista de pouso. “Nós convidamos artistas do Brasil e do mundo para conhecer o espaço e eles apresentam a proposta de uma obra de arte”, explica o empresário.

De acordo com ele, cinco restaurantes e uma pousada foram abertos na região, para apoio de visitantes, após a inauguração da Usina de Arte. Moradores também alugam casas para quem pretende se hospedar, passar alguns dias por lá e explorar mais o lugar, um distrito de Água Preta. O nome da usina é uma homenagem à esposa de José Pessoa de Queiroz, que se chamava Terezinha.

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