Por Larissa Rodrigues, do Blog do Magno Martins
Seria hoje (14) a votação do diretório estadual do PT para a expulsão do partido do prefeito de Paulista, Yves Ribeiro (PT). O gestor, no entanto, se antecipou e anunciou ontem, no dia 13, a sua desfiliação. Enviou uma carta à sigla pedindo para sair. Ainda assim, o encontro do PT está mantido, segundo o presidente do diretório estadual, o deputado Doriel Barros, porque a reunião tem outros objetivos, como a avaliação de conjunturas e outras deliberações.
O assunto Yves Ribeiro, entretanto, é caso encerrado, tanto para o PT quanto para o próprio Yves. “Vida que segue”, afirmaram Doriel Barros e Ribeiro. “Diante das falas que ele vinha fazendo, não havia condições de ele permanecer (no PT)”, comentou Doriel. Já o prefeito disse que não se adaptou às confusões internas da legenda, mas vai continuar votando no presidente Lula (PT) e no senador Humberto Costa (PT).
“O projeto de Lula é muito maior do que essas desavenças de correntes internas do PT. Continuo ao lado dele e de Humerto. Já agredeci também ao presidente estadual, Doriel”, enfatizou Ribeiro, que adiantou seu posicionamento para as eleições estaduais, em dois anos. “Em 2026, vou trabalhar para reeleger a governadora Raquel Lyra (PSDB)”, assegurou.
A saída de Ribeiro da legenda era um processo natural, depois de desgastes com a sigla nas eleições de 2024. Yves desistiu de buscar a reeleição pelo PT. Depois, não seguiu a orientação petista em Paulista. Já no primeiro turno, apoiou o candidato ligado à governadora Raquel Lyra (PSDB), Ramos (PSDB), que foi eleito prefeito da cidade. Os petistas haviam apresentado o nome de Francisco Padilha (PDT), que tinha uma vice do PT.
No segundo turno, o clima entre Ribeiro e o PT azedou de vez, quando o partido decidiu apoiar o histórico rival de Yves, o deputado estadual Júnior Matuto (PSB). Até a executiva nacional se envolveu e reforçou que o candidato em Paulista era Matuto. Nenhum dos lados tinha mais interesse em continuar com a parceria.
Nem Yves Ribeiro e nem o PT estavam confortáveis. Na verdade, Ribeiro nem era tão petista assim. Ele tem menos de um ano de filiação. Assinou a entrada no Partido dos Trabalhadores em dezembro de 2023. Na carta de desfiliação, Ribeiro cita que não tem mais pretensões eleitorais e afirmou a este blog que não pensa em entrar em nenhuma legenda mais e que não sairá candidato a deputado estadual em 2026.
Liberdade para falar – Yves Ribeiro se diz livre, a partir de agora, para falar o que pensa e pretende continuar compartilhando sua experiência administrativa e política com quem desejar. “A partir de agora, terei total liberdade para expressar meus pensamentos, ideias e oferecer os conhecimentos administrativos e políticos àqueles que desejarem. Este acumulado de experiências não é meu, mas dado por Deus, pois para ele toda honra e glória”, declarou Yves na carta de desfiliação enviada ao PT.
Balanço de vida pública – “Durante 48 anos de vida pública, como vereador (01 vez) e prefeito (07 vezes) em três cidades diferentes (Itapissuma, Igarassu e Paulista), dediquei minha vida para atender às necessidades daqueles que mais precisavam. Não me arrependo de nada que fiz para atender a população, se não fiz tudo, mas fiz o que era possível, honrando o erário público e usando da minha liberdade concedida por Deus”, disse o prefeito logo no início da carta.
Agradecimentos – Ribeiro agradeceu às lideranças petistas pela passagem na sigla. “Aproveito para neste resumo da minha vida, agradecer ao Senador Humberto Costa, ao Deputado Federal Carlos Veras, que me convidaram para meu ingresso no PT. Agradeço também a Doriel, ao diretório de Paulista que me acolheram nesta breve passagem pelo Partido dos Trabalhadores”. Também agradeceu aos eleitores. “Obrigado a todos que me elegeram e em mim depositaram sua confiança nesta tarefa árdua e bonita que é administrar com honestidade com o povo e para o povo.”
A Saída de quem nunca foi – O presidente do diretório do PT no Recife, Cirilo Mota, enviou, ontem, à imprensa uma nota com palavras duras sobre a passagem de Yves Ribeiro pelo partido. “Na Política às vezes existem alguns casos emblemáticos: é o caso da filiação de Yves Ribeiro no PT. É sabido de todos e todas as posições anti-LULA do prefeito de Paulista ao longo de sua história, mas numa posição oportunista tentou buscar sua sobrevivência política com apoio de alguns petistas, vendo que não teria êxito por causa de uma gestão desastrosa e mal avaliada resolveu mostrar sua verdadeira carapuça colocando o partido numa situação vexatória desistindo de sua candidatura aos 49 minutos do segundo tempo e descumprido as posições partidárias”, afirmou Cirilo.
Contrário desde sempre – Cirilo Mota disse que nunca concordou com a entrada de Ribeiro no PT. “Não era nem para ele ter entrado”, enfatizou. “Fomos contra a sua filiação desde o início e defendemos sua expulsão desde do primeiro momento dos ataques ao Governo Lula (PT) e suas posições políticas contrárias às decisões partidárias”, frisou.