Vikings invadem a Inglaterra dando início à “Era Viking”

“Eles mesmos se chamavam de Vikings, o que significa “guerreiros do mar” e “eram constituídos de grupos não muito numerosos de ‘bad boys’”

Em 8 de junho de 793, homens vindos do norte em longos navios pilham o mosteiro da ilha inglesa de Lindisfarne. Em algumas horas, enchem seus barcos de um rico butim: objetos de arte, metais preciosos, escravos….

Os autores desta brutal agressão de um novo tipo eram os guerreiros designados por seus contemporâneos como os homens do norte – normandos. Eles mesmos se chamavam de Vikings, o que significa “guerreiros do mar” em seu idioma, o norreno ou norueguês antigo. Eles vinham da Escandinávia, hoje Dinamarca, Suécia e Noruega.

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Quadro de 1901 do pintor russo Nicholas Roerich “Guests from Overseas” (Visitantes do alto mar) sobre a cultura Vicking

Contrariamente ao que se pudesse pensar, os povos ainda pagãos dessa região tinham atingido um alto grau de civilização. Praticavam a pecuária e a agricultura numa rede de aldeias pacatas. Dominavam muito bem a metalurgia do ferro e eram bons forjadores. Gozavam de uma organização social sólida e cultivavam a poesia épica que cantava os mitos de seus deuses e de seus heróis.

Os vikings eram constituídos de grupos não muito numerosos de ‘bad boys’ refratários a essa existência. Encontravam-se nos portos e lá, valendo-se de um conhecimento multissecular de navegação, tomavam emprestado navios e partiam em busca de aventura e de glória. Os barcos dos Vikings eram conhecidos sob a designação norrena de knörr. Tinham uma aparência frágil. Descobertos, dotados de uma grande vela quadrada, de fundo plano, eram capazes de afrontar os oceanos e de navegar pelos rios a montante. A proa ostentava a figura de um animal – carneiro, bisão, grou … – que dava seu nome à embarcação.

Os mais compridos desses navios – 20 metros de comprimento por 5 de largura – eram chamados de Langskip. Transportavam cerca de 20 homens e, eventualmente, cavalos.

Segundo o historiador Régis Boyer, a palavra drakkar pela quale ram designados os navios Vikings foi inventada na era romântica em alusão ao dragão da proa e com duas letras k para tornar mais exótica.

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Ilustração de Martin Mörck sobre as viagens Viking no Atlântico Norte

Malgrado seu sucesso e a emoção que suscitava na corte do rei dos francos, o futuro Carlos Magno, o ataque dos vikings a Lindisfarne permaneceria por muito tempo sem reprise. Foi somente após a morte do imperador Carlos Magno em 814 que, aproveitando-se da divisão dos francos, os vikings multiplicaram suas incursões no Ocidente.

Ocuparam então metade da Irlanda e invadiram a Inglaterra em 865. Mais ao sul, sobem os rios Sena e Loire. Atacam Paris em 845 com sua violência costumeira. Raros senhores francos reuniram condições de resistir, entre eles Robert o Forte, ancestral dos futuros reis de França.

Em 886, os vikings tentam novamente pilhar Paris, mas desta vez são repelidos após um prolongado cerca graças à energia do conde Eudes, filho de Robert o Forte. Um chefe viking, Rollon, obtém para terminar com os assaltos a cessão do vale baixo do Sena.

Os navios nórdicos (knörr) chegaram a atingir os estuários dos rios italianos após atravessar o estreito de Gibraltar.

À mesma época, outros guerreiros normandos, os varegues, ou gente do leste, atravessam o mar Báltico e subjugam os habitantes dos campos de colheita, os eslavos. Um de seus chefes, Riurik, funda em 860 o principado de Novgorod, entre as atuais cidades de São Petersburgo e Moscou, que estaria na origem do Estado russo.

No curso do mesmo século, os vikings da Noruega atingiram a Islândia. Em 982, o chefe Viking Erik o Vermelho navega em direção ao oeste. Beneficiando-se de um mar livre, sem geleiras flutuantes devido ao “optimum medieval” – um período de clima excepcionalmente quente localizado nas regiões do Atlântico Norte e que durou do século 10 ao século 14 – chega a uma grande ilha coberta de gelo com alguns prados estreitos beirando o litoral. Batiza-a de Groenlândia, que significa “terra verde”, provavelmente para atrair colonizadores.

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Foto de uma réplica de um barco vicking tirada em 1969 por Uwe Kils

O filho de Erik o Vermelho, Leif Ericsson, introduziu o cristianismo na pequena colônia da Groenlândia, partindo depois, por seu turno, a novas aventuras em direção ao ocidente.

Leif chegaria a uma nova terra no ano 1000. Essa terra, que não chegaria a colonizar duradouramente, seria a península do Labrador atual, ao norte do rio São Lourenço. Leif Ericsson seria assim o primeiro europeu a ter chegado à América.

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