Violações, residências queimadas e sangue: neste dia, em 1968, acontecia o massacre de My Lai 

Tropas dos EUA foram responsabilizadas pelo episódio tétrico na vila camponesa

Gabriel Fagundes

Rastos do massacre em My Lai
Rastos do massacre em My Lai – Divulgação

O dia 16 de março de 1968 foi tingido de sangue e sofrimento, nunca mais seria o mesmo, pois a história foi lesiva para toda aquela comunidade, as memórias não seriam extintas.

O caso em questão é do massacre de My Lai. Onde o exército dos EUA fuzilou, estuprou mulheres e queimou residências durante quatro horas que vitimou entre 347 e 504 civis. Homens, mulheres, crianças, idosos e até bebês não foram poupados.

Como toda hecatombe tem o princípio de limpeza, de tirar os impuros para trazer a decência e a correção, nas aldeias do Vietnã do Sul não foi diferente. Os americanos suspeitavam que naquela localidade estivesse oculto o inimigo, alguns gooks – ou lodos como denominavam.  Por isso, a ordem era exterminar qualquer um que parecesse suspeito.

Tudo isso porque o pequeno vilarejo foi identificado e denunciado de forma errônea como abrigo de soldados do Vietnã do Norte, que era autodeclarado comunista e contra e o Vietnã do Sul, aliado dos EUA.  Por isso, a informação dada era que na manhã daquele dia os moradores de My Lai sairiam às 7h da manhã para comprar comida em uma determinada feira, e quem não fosse seria guerrilheiro ou soldado inimigo. Deveria ser morto.

Porém, ao contrário do que esperavam conseguir, os americanos não viram nem guerrilheiros, nem soldados e nem comunistas: tinham-se apenas meros camponeses, simples e inofensivos, muitos idosos enfermos e crianças.

Mas mesmo assim, isso não serviu de desculpas para perpetraram as diversas atrocidades, não quiseram voltar para seus postos sem uma história para contar, por isso começaram a queimar as casas, inclusive com as pessoas dentro.

Os que procuraram se salvar eram mortos à queima-roupa. Mulheres, e crianças foram violentadas sexualmente por inúmeros soldados antes de falecerem.

O banho de sangue partiu da ordem proferida pelo tenente William Calley. Outros dois pelotões se juntaram ao massacre. Além de My Lai, a aldeia vizinha de My Khe também foi vitimada.

A tragédia foi tão visceral que o piloto de helicóptero, Hugh Thompson, conseguiu verificar ocorrido enquanto sobrevoava o local, mas não havia ali nenhum combatente inimigo. Eram apenas os cidadãos de bem.

Vítima do massacre /Crédito: Divulgação

Em razão disso, resolveu intervir, ajudar os vietnamitas. Em um ato extremante humano, comunicou o incidente aos seus superiores, e pediu que reforços fossem enviados para a vila.

Mediante a ajuda de Andreotta e Coburn, tripulantes de seu helicóptero, Hugh teria se voltado contra as tropas norte-americanas, apontando suas armas para todos aqueles que estivessem assassinando mais um civil.

Apesar de ser de patente inferior aos que estavam exterminando inocentes, nenhum deles ousaram desafiar as ordens de Thompson. Com isso, conseguiram cessar o morticínio e resgatar 12 sobreviventes. Dentre eles uma criança com vida que se mexia em meio a uma pilha de cadáveres.

No entanto, essa catástrofe só se tornou pública em 1969, o que resultou repúdio e total aversão do mundo para a hecatombe realizada. Os responsáveis foram inteiramente os soldados americanos, todos os tiros partiram deles. A My Lai, a perigosa, a acobertadora de inimigos era uma falácia.

Nada existia ali senão um pacato recinto. E segundo David L. Anderson, autor de Facing My Lai (Encarando My Lai) e ex-combatente da Guerra do Vietnã, só há uma teoria que possa explanar o que foi verificado: “pressões psicológicas, medo, raiva e fraca liderança são elementos chave para explicar tal comportamento brutal”.

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