A insana fuga do ator John Wilkes Booth após matar o presidente Abraham Lincoln 

O jovem é lembrado como o responsável pela morte de um dos maiores líderes dos EUA — mas queria ser conhecido como um herói nacional

Wallacy Ferrari
Joh Wilkes Booth (à esq.) em montagem com Abraham Lincoln (à dir.)
Joh Wilkes Booth (à esq.) em montagem com Abraham Lincoln (à dir.) – Wikimedia Commons

Na noite de 14 de abril de 1865, o ator John Wilkes Booth entrou na cabine presidencial no Teatro Ford, em Washington, DC, e disparou na cabeça do presidente Abraham Lincoln, ferindo-o mortalmente. Quem disparou o tiro foi Booth, mas ele não foi o único que desejava a morte do líder.

Após atirar em Lincoln, uma rede de conspiradores contrários ao presidente ajudou a esconder Booth nos dias seguintes ao atentado. A caçada, envolvendo quase mil soldados da União, foi uma das maiores da história do país. Os preparativos para a ocasião foram premeditados desde o ano anterior.

No final de 1864, o grupo, junto ao ator, chegou a montar um meticuloso plano para sequestrar o líder, porém, o projeto mudou para um assassinato poucos dias antes de executar, graças a pressão política de suas falas nas semanas anteriores. Os motivos das ações eram simples: salvar a confederação contra os abolicionistas.

Natural de Maryland, John Wilkes Booth foi escolhido para ser a peça-chave para executar o plano, visto que já era um ator conhecido pela cena teatral do país, considerado um talentoso galã com uma presença de palco notável, e fazia questão de se tornar um mártir da causa protestante. Na noite do ato, chegou a gritar após o tiro “Sic sempre tyrannis!”, assim sempre aos tiranos em tradução livre.

Quando pulou do parapeito da cabine presidencial após atirar no presidente, quebrou a perna, mas conseguiu ser ágil o suficiente para escapar do teatro por uma saída lateral. Na rua, conseguiu fugir montado em um cavalo junto com David Herold, um cumplice conspiracionista que o levou até o médico Samuel Mudd, que tratou seu ferimento e abrigou o jovem, sem ter ciência de que o mesmo havia matado Lincoln horas antes.

Ilustração representando o momento do assassinato de Lincoln / Crédito: Wikimedia Commons

 

No dia seguinte, expulsou os rapazes de sua casa após descobrir, pelo jornal, que abrigava um assassino, mas não os entregou por receio de ser mais uma vítima. A busca por Booth e Herold, imediatamente identificados por testemunhas oculares, colocou uma recompensa de 100 mil dólares por suas cabeças.

Nos quatro dias seguintes, se esconderam no pântano de Zekiah. Enquanto Booth permanecia inerte e completamente escondido, Herold caçava e verificava se havia sinais de busca na região, chegando a encontrar soldados comentando sobre a fuga. Quando encontrados por um cúmplice, conseguiram comida, água e jornais para atualizar os fugitivos sobre a operação. Booth inclusive manifestou indignação por ter sido considerado um assassino ao invés de um herói.

Ao atravessar os rios Potomac e Rappahannock para a Virgínia fingiram ser soldados confederados feridos e foram abrigados em um celeiro de tabaco, na fazenda de Richard Garrett, Virgínia — onde ficaram até serem descobertos. Herold se rendeu imediatamente aos soldados, mas Booth desacatou o mandato de prisão e avançou contra os militares. Boston Corbett foi o soldado que conseguiu acertar um tiro em seu pescoço.

Horas depois, o ferimento não foi estancado e a perda de sangue foi suficiente para levar Booth ao óbito, aos 26 anos, ainda na fazenda. Seu corpo foi levado para a Washington e enterrado na penitenciária onde outros membros do plano, incluindo Herold, foram executados em uma forca. Quatro anos depois, o presidente Andrew Johnson liberou o corpo para a família do ator.

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