Ativista negro de direitos civis, Medgar Wiley Evers é assassinado

Norte-americano foi morto por supremacista ligado à Ku Klux Klan; ele inspirou filmes e livros por sua luta por igualdade

Medgar Wiley Evers, ativista afro-americano do Movimento dos Direitos Civis do Mississipi, foi assassinado no dia 12 de junho de 1963 pelo supremacista branco Byron De La Beckwith, membro do Conselho dos Cidadãos Brancos. Sua morte provocou amplos protestos em favor dos direitos civis e inspirou obras de arte, música e filme.


Em 2004, o Conselho Municipal de Jackson mudou o nome do aeroporto da cidade para Jackson-Evers International Airport

Evers nasceu em 2 de julho de 1925 em Decatur, Mississipi. Sua família possuía uma pequena propriedade rural e trabalhavam com serraria. Diariamente, Medgar caminhava 18 quilômetros para estudar em uma escola secundária. De 1943 a 1945, prestou serviços militares no exterior durante a Segunda Guerra Mundial, chegando a lutar nas batalhas da Normandia.

De volta aos EUA em 1948, matriculou-se no colégio Alcorn para negros, formando-se em administração de negócios. Participava dos debates e competia em futebol Americano e atletismo, cantava no coro. Recebeu seu diploma de “Bachelor of Arts” em 1952. Três anos mais tarde, casou-se com sua colega de classe Myrlie Beasley e tiveram 3 filhos. A família mudou-se para Mound Bayou, Mississipi onde trabalhou como vendedor de companhia de seguros.

Pouco depois, Evers começou a organizar um boicote do Conselho Regional da Liderança Negra às empresas que negavam aos negros o uso dos banheiros.  Com seu irmão Charles, ele liderou manifestações pelas liberdades civis e direitos iguais dos negros. Como ativista, foi nomeado secretário da NAACP (Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor) no seu estado.

Nesse cargo, envolveu-se com os esforços de James Meredith para se matricular na universidade local no começo dos anos 1960. Ajudou também Gilbert Mason a organizar os protestos contra a segregação racial nas praias fluviais privadas do Mississipi.

A liderança e o trabalho investigativo de Evers fez dele alvo dos supremacistas brancos. Nas semanas que precederam seu assassinato, a hostilidade contra ele crescia até o ponto em que foi vítima de atentados, mas que acabaram sendo fracassados. Suas investigações com relação à morte de Emmet Till e sua fervorosa defesa de Clyde Kennardhad tornaram-no um proeminente líder negro.

Na manhã de 12 de junho de 1963, horas após o discurso pela televisão do presidente Kennedy em favor dos direitos civis, o ativista foi atingido por uma bala nas costas quando abria a garagem para entrar com o carro em sua casa. A bala perfurou seu coração, porém conseguiu caminhar 9 metros antes de tombar. Foi levado a um hospital local que a princípio recusou a entrada de Evers devido à sua cor, até que se explicou quem era ele. Morreu 50 minutos depois.

Reverenciado nacionalmente, foi enterrado no cemitério de Arlington em 19 de junho, tendo recebido honras militares diante de uma multidão de mais de 3 mil assistentes. Em 21 de junho, De La Beckwith, vendedor de fertilizantes e membro do Conselho de Cidadãos Brancos – e mais tarde do Ku Klux Klan – foi preso pela morte de Evers.

O procurador distrital e futuro governador, Bill Waller, processou De La Beckwith. O corpo de jurados, composto só de homens brancos, travou duas vezes naquele ano a condenação do réu, mas não obteve êxito. Trinta anos após os dois julgamentos precedentes terem fracassado em alcançar um veredicto, De La Beckwith foi levado ao banco dos réus baseado em nova evidência.

Durante o julgamento, o corpo de Evers foi exumado para uma autópsia. Finalmente, De La Beckwith foi condenado por assassinato em 5 de fevereiro de 1994, após ter vivido livremente após quase 3 décadas da prática de homicídio. Morreu aos 80 anos na prisão em janeiro de 2001.

O legado de Evers mantém-se vivo por meio de livros, filmes e diversas outras homenagens. Em 28 de junho de 1992, a cidade de Jackson, Mississipi ergueu uma estátua em sua homenagem. Em dezembro de 2004, o Conselho Municipal de Jackson mudou o nome do aeroporto da cidade  para Jackson-Evers International Airport.

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