Baixaria: Sílvio Costa e Romero Jucá trocam farpas em sessão para votar a meta fiscal

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr

O deputado federal Sílvio Costa (PTdoB-PE), aliado da presidente afastada Dilma Rousseff (PT), foi o único parlamentar a ter 20 minutos de fala na sessão conjunta do Congresso Nacional para votar a nova meta fiscal. Usando quase todo o tempo, ironizou o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e diversas vezes falou diretamente para ele. Em resposta, Jucá, que também é pernambucano, concluiu a sua fala de cinco minutos dizendo: “A maior herança maldida pode ser vista no espelho por vocês mesmos. A maior herança maldita que o presidente Michel (o interino Temer, do PMDB) recebe é a oposição. É ter que aguentar vocês.”

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“Eles estão vendendo pessimismo”, acusou Sílvio Costa. “Isso é um chutômetro.” O deputado perguntou a Jucá como havia sido o cálculo do déficit de R$ 170,5 bilhões. “Sabe qual é o problema, Jucá? É que eu estou desconstruindo a mentira de vocês. Não fique agoniado, não, que você fala depois”, afirmou.

“Já estive no plenário varias vezes no final do ano mudando a meta de superávit para déficit porque o governo não fazia o orçamento verdadeiro”, acusou Jucá.

O peemedebista voltou ao Congresso nessa terça-feira (24), após deixar o Ministério do Planejamento provocado pelo vazamento da gravação de uma conversa dele com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado, em que fala sobre a Operação Lava Jato. No áudio Jucá afirma que a investigação é uma ‘sangria’ que precisaria ser ‘estancada’.

O senador usou a fala na tribuna para se defender alegando que marcou “posições pessoais” no diálogo com Machado – que teve a delação premiada homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) essa noite. “Qual é diferença do atual governo para o governo passado?”, questionou, para atacar Dilma usando o vazamento de um áudio envolvendo o ex-ministro Aloízio Mercadante (PT) sobre a delação do senador cassado Delcídio do Amaral (sem partido).  “O que a Dilma fez? Manteve Mercadante, que ofereceu dinheiro a quem estava querendo se esconder. Me ofereci ao presidente Michel, me afastei do governo”, acusou. “Um ministro se colocou e perguntou à Justiça como deve proceder fora do cargo. O outro se escondeu atrás da Dilma.”

Antes, Sílvio Costa havia afirmado: “Michel não foi muito correto com você, deveria ter segurado a onda. Porque amigo é amigo no bom e no ruim.” O deputado ainda criticou as medidas fiscais anunciadas por Temer nessa terça, que incluem quatro pontos: teto para despesas públicas, bloqueio de novos subsídios, fim do fundo soberano e antecipação de pagamentos do BNDES. “Se esse Michel fizer o que anunciou hoje, o primeiro a pedir o impeachment dele sou eu”, ameaçou o parlamentar.

Para explicar por que concedeu 20 minutos para a fala de Sílvio Costa e cinco para a dos outros, o presidente da Casa, Renan Calheiros (PMDB-AL), ironizou: “Fiz esse gentileza com Sílvio Costa para impedir que ele armasse um barraco nessa Casa.” A regalia para o pernambucano gerou tumulto depois, no entanto, quando a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) tentou usar o mesmo tempo que o deputado e foi impedida por Renan e pelos parlamentares da base governista, aos gritos. (Jamildo Melo)

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