Eduardo Campos chega hoje com desafio de solucionar crise do PSB em São Paulo

Aline Moura

O governador Eduardo Campos (PSB) embarcou para Washington, na terça-feira (14), mas o pensamento não saiu de São Paulo, principal colégio eleitoral do Brasil. O PSB do estado que tem 31,2 milhões eleitores (22,2% do país) será o maior desafio de Eduardo quando ele regressar dos Estados Unidos, onde sua gestão recebe dois prêmios na categoria “Governante – a arte do bom governo”. Cotado como presidenciável, Eduardo retorna ao país hoje à noite (16) com a missão de fechar, o quanto antes, um acordo político que contemple a Rede, de Marina Silva, o PPS, e os antigos correligionários. Marina quer apostar numa candidatura da “nova política”, parte do PSB paulistano defende apoio à reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), enquanto o PPS paulista ameaça forçar o rompimento da aliança nacional com o PSB se o partido abandonar os tucanos de São Paulo. “Se ele errar aqui, pode errar no país inteiro”, analisa o deputado federal Márcio França, um dos principais caciques do PSB naquele estado.

Não há consenso. A dificuldade de diálogo que o PSB paulista enfrenta é provocada por lideranças egressas do PT e conhecidas pela rebeldia, como Marina Silva e a deputada federal Luiza Erundina. Márcio França defende, por exemplo, que o partido permaneça na base de Alckmin, enquanto a deputada federal Luiza Erundina, outro nome de expressão da sigla, segue na mesma linha do discurso de Marina, frisando a importância de uma candidatura que represente um novo projeto político. Os dois falaram com o Diario, ontem, por telefone.

Márcio França contou que, antes de viajar, o governador chegou a perguntar se ele toparia ser candidato ao governo de São Paulo pelo PSB, na intenção de resolver o impasse interno. França disse que aceitaria o desafio, se assim fosse exigido, mas ressaltou não ser o melhor caminho. O deputado federal lembrou que viria para Pernambuco nesta sexta-feira, quando o partido discutiria este ponto internamente, entre outros assuntos, porém a reunião foi adiada em virtude da viagem de Eduardo a Washington. “Não seremos empecilho, se ele achar que eu deva ser candidato”.

O cacique do PSB paulistano se disse, inclusive, disposto a enfrentar um embate interno com Walter Feldman, nome indicado por Marina, caso o partido decida mesmo se afastar de Alckmin, como quer a ex-senadora. “A Rede filiou 80 pessoas em São Paulo, em outubro passado. Nós temos 232 mil filiados. Na minha visão, uma candidatura própria aqui seria simbólica. Não quer dizer que é impossível, mas somos a quinta força política nessa disputa”.

Márcio França lembrou que um rompimento com o PSDB pode estremecer a relação do PSB com os tucanos nacionalmente, além do PPS. “É importante lembrar que o grupo de Alckmin é simpático a Eduardo. Qualquer movimento aqui pode significar nossa ida para o segundo turno. Essa é a decisão mais importante que o PSB deve tomar e Eduardo é o presidente do ‘clube’. Essa decisão é dele”.

Saiba mais

Confira os cenários em caso de coligação ou candidatura própria em São Paulo

Cenário 1
O PSB pode apoiar a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB). Nesse caso, Eduardo Campos teria posição diferente de parte da Rede, que defende o lançamento de outro nome, e à deputada federal Luiza Erundina (PSB)

Cenário 2
O PSB pode sair em raia própria e lançar a candidatura do deputado federal Márcio França, um dos caciques da legenda no cenário nacional. A sigla socialista é a quinta força política de São Paulo. O caminho seria mais longo

Cenário 3
O PSB pode atender ao pedido de Marina Silva e lançar a candidatura do deputado federal Walter Feldman, filiado à legenda temporariamente até a Rede ser oficializada como partido. Tal decisão desagradaria Márcio França e pode afastar o PPS da aliança nacional socialista.

Fonte: Diário de Pernambuco

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