Egito nacionaliza Canal de Suez

Presidente do país, Gamal Abdel Nasser, teve que enfrentar governos de França, Reino Unido e Israel para implementar medida

Em 26 de julho de 1956, depois que o Banco Mundial, tendo por detrás os Estados Unidos e a Inglaterra, decidiu negar um pedido de crédito para a construção da represa de Assuã, o governo egípcio, presidido por Gamal Abdel Nasser, nacionalizou o Canal de Suez. Nos dias que se seguiram, maciças mobilizações populares ocorreram em todo o país.

 

Apoio da URSS foi fundamental para sucesso da medida

Apoio da URSS foi fundamental para sucesso da medida

O presidente egípcio Nasser, que tinha o respaldo da União Soviética, anunciou à multidão sua decisão de nacionalizar o Canal de Suez e os bens da companhia do canal, uma sociedade franco-britânica.

Os britânicos e os franceses decidem reagir. Para tal, iriam encontrar um aliado de peso na região. Tratava-se de Israel, que igualmente temia o crescimento do poderio de seu vizinho egípcio extremamente ameaçador aos interesses israelenses. Persuadidos da legitimidade de seus direitos, Guy Mollet e Sir Anthony Eden, respectivamente chefes de governo da França e da Inglaterra, proclamam publicamente que não cederiam à intimidação.

Os dois países levam a cabo uma operação conjunta com Israel e reúnem mais de 60 mil homens, 300 aviões de combate e seis porta-aviões a fim de conter o líder egípcio.

Após as primeiras operações militares vitoriosas, os três países se viram obrigados a recuar sob pressão da União Soviética e dos Estados Unidos. Tratava-se de uma humilhação cortante para as duas antigas grandes potências, submetidas às injunções dos dois novos gigantes, preocupados em proteger seus próprios interesses e de evitar uma conflagração militar generalizada.

A medida havia sido recebida com indignação por França e Reino Unido, principais acionistas do Canal de Suez e máximos beneficiários das taxas cobradas dos navios petroleiros que trafegavam por ele.

Em princípios de 1957, depois da intervenção das Nações Unidas, por pressão, em especial, da União Soviética e dos Estados Unidos, completou-se a retirada das potências europeias e de Israel. O canal foi reaberto no mesmo ano.

Desde então o canal foi administrado por Nasser até seu fechamento em 1967, em meio às hostilidades entre Egito e Israel na Guerra dos Seis Dias.

O Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho ao Mar Mediterrâneo através do Egito, foi construído por engenheiros franceses em 1869. Nos 87 anos subsequentes permaneceu em larga medida sob controle britânico e francês. A Europa dependia do canal a fim de baratear enormemente o frete dos petroleiros que vinham do Golfo Pérsico.

Após a Segunda Guerra Mundial, o Egito pressionou pela evacuação das tropas britânicas do Canal de Suez. Em julho de 1956, o presidente Nasser nacionalizou o canal na perspectiva que as taxas de tráfego cobradas iriam financiar a construção da gigantesca represa de Assuã sobre o rio Nilo.

Em 1975, o presidente egípcio Anuar el-Sadat reabriu o canal como um gesto de paz após negociações com Israel. Hoje em dia, uma média de 60 navios navegam por Suez diariamente, carregando perto de 400 milhões de toneladas de bens por ano.

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