Henry Ford põe fordismo como novo modelo de produção

Inspiração de ‘Tempos Modernos’ de Chaplin, novo sistema coloca trabalhador em posição estática para montar peças que vão passando sobre esteira

 

Em 14 de janeiro de 1914, o industrial norte-americano Henry Ford inaugura um novo modelo de produção: a montagem em cadeia ou, como é mais conhecida, a linha de montagem. Graças a essa inovação, o tempo de fabricação do automóvel Ford modelo T foi consideravelmente reduzido: de 6 horas para 1 hora e 30 minutos. A produtividade da fábrica quadruplicou. E a história da indústria mudaria para sempre com o sistema de gestão da produção que ficaria conhecido como “fordismo”.

No fordismo, o trabalhador permanece estático em seu lugar e monta as peças que vão passando à sua frente sobre uma esteira. A velocidade da esteira é controlada pelo administrador. Charles Chaplin faria uma paródia do modelo em seu filme Tempos Modernos (1936). Na prática, o sistema era tão brutal que o operário Carlitos, após 10 ou 12 horas de trabalho repetindo o mesmo gesto de apertar parafuso, sai da fábrica e, enlouquecido, quer apertar até os botões do vestido de uma mulher.

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Cena clássica de ‘Tempos Modernos’ (1936), de Charles Chaplin

Ford baseou seus conceitos em Frederick Winslow Taylor, engenheiro de origem alemã que havia publicado em 1911 uma obra sobre sua forma de gestão da produção. Chamado mais tarde de “taylorismo”, ele se baseava numa organização científica do trabalho e tentava melhorar a rapidez de execução e de produção dos empregados.

Depois de anos de análise e testes na fábrica Midvale Steel, Ford preconizou, numa primeira etapa, a separação das tarefas. Ele propunha uma intensificação da divisão do trabalho – ou seja, fracionar as etapas do processo produtivo de modo que o trabalhador desenvolvesse tarefas ultraespecializadas e repetitivas.

Diferenciava o trabalho intelectual do trabalho manual, exercia um controle sobre o tempo gasto em cada tarefa e um constante esforço de racionalização, para que a tarefa fosse executada num prazo mínimo. O trabalhador que produzisse mais em menos tempo receberia prêmios como incentivos.

Os gerentes concebiam e cronometravam as tarefas, enquanto os operários se limitavam a executar, nos lugares determinados. O método obteve bons resultados, foi saudado pelos patrões mas repudiado pelos trabalhadores, que reclamavam de estar sendo transformados em máquinas e levados à exaustão física.

Henry Ford foi o primeiro a pôr em prática, na sua empresa, o taylorismo. Posteriormente, inovou com o processo do fordismo, que absorveu aspectos do primeiro. Ele organizou a linha de montagem de cada fábrica para produzir mais, controlando melhor as fontes de matérias-primas e de energia, os transportes, a formação da mão-de-obra e padronizando os produtos.

O industrial adotou três princípios básicos: o princípio de intensificação (diminuir o tempo de duração com o uso imediato dos equipamentos e da matéria-prima e a rápida colocação do produto no mercado); a economia (reduzir ao mínimo o volume do estoque da matéria-prima em transformação) e a produtividade (aumentar a capacidade de produção do homem no mesmo período por meio da especialização e da linha de montagem).

Finalmente, para atingir os seus objetivos de lucro, produzir ao máximo, fazer escoar rapidamente a produção, Ford concluiu com sagacidade que, aumentando o salário de seus milhares de empregados, eles mesmos seriam os compradores de seus automóveis.

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