Maré de tranquilidade uruguaia não condiz com histórico de agonia da seleção

Edinson Cavani é a esperança de gols para o Uruguai
Edinson Cavani é a esperança de gols para o Uruguai Foto: Ddavid Gray / Reuters
Tatiana Furtado, enviado especial
As palavras “Uruguai” e “vida fácil” dificilmente apareceriam juntas numa pesquisa na internet sobre Copa do Mundo. E há razão de ser. A seleção celeste não está nada acostumada com sombra e água fresca em Mundiais. Mas na Rússia tem sido diferente. Classificada já na segunda rodada da competição, a turma de Suárez se permitiu até comemorar o feito com um típico churrasco uruguaio em Rostov, onde está concentrada, após a vitória sobre a Arábia Saudita. E mais, hoje, às 11h, enfrenta os donos da casa com boas chances de ser o primeiro colocado do Grupo A.

A leveza uruguaia atual contrasta com as duas últimas Copas também sob comando de Óscar Tabárez. Em 2014, a classificação às oitavas veio na última rodada num jogo tenso com a Itália, com gol de Godín. Haviam perdido na estreia para a Costa Rica e venceram a Inglaterra com dois gols de Suárez – o segundo a cinco minutos do fim da partida.

Na África do Sul, não chegou a ser um Deus nos acuda. Porém, o empate na estreia contra a França não permitiu celebração antecipada. Só a vitória por 1 a 0, na última rodada, sobre o México confirmou o primeiro lugar.

Faz tanto tempo que a seleção não passava por essa maré de tranquilidade que dificilmente Tabárez, de 71 anos, se recorda. Em 54, na Suíça, quando ele tinha apenas 7 anos, o time venceu os dois primeiros jogos contra Tchecoslováquia e Escócia (goleada de 7 a 0). Desde então, a corda, muitas vezes, esteve no pescoço.

O momento, afirma o atacante Cavani, não fará diferença no espírito do time em campo.

– O jeito de aproveitarmos (a boa fase) é jogando tudo dentro de campo. É assim que jogadores se divertem. O primeiro objetivo era a classificação. Agora é o primeiro lugar do grupo. Vai ser a mesma intensidade – disse o atacante.

Mas não pense que a torcida charrúa tenha dormido tranquilamente por causa dos dois triunfos. As vitórias não significam um jogo arrasador em campo. Vieram de dois apertados placares de 1 a 0, ainda que a equipe tenha se mostrado superior.

Nos dois jogos, o que se viu foi um Uruguai ainda buscando seu melhor estilo de jogo com a Copa em andamento. Contra o Egito, escolheu a bola no chão, com maior qualidade no meio-campo e dois jovens pelos lados: Arrascaeta e Nandez. Diante da Arábia Saudita, o time mais fraco do grupo, optou pela tradição uruguaia. Dois homens de força no meio (Sanchez e Rodriguez) e bola longa para Suárez e Cavani.

– Sistema de jogo é diferente da posição dos jogadores em campo. Escolhemos de acordo com o rival para barrar seus pontos fortes e atacar os fracos – afirmou o técnico Óscar Tabárez.

Nenhuma das duas formações, no entanto, apresentaram um futebol que pareça fazer frente às escolas europeias de Portugal e Espanha. Um deles deve ser o adversário nas oitavas de final. Talvez os uruguaios até prefiram assim. Vida fácil não combina com a celeste.

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