Da redação, com Agências Brasil e Estado

O número de participantes com a nota máxima na redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) aumentou pela 1ª vez desde 2011. Em 2018, 55 estudantes obtiveram nota mil. Na outra ponta, o quantitativo de redações nota zero caiu para menos da metade, se comparado com 2017. O resultado individual dos candidatos foi liberado ontem pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

Em 2011, dos cerca de 4 milhões de participantes do Enem, 3,7 mil tiraram a nota máxima. Desde então, apesar do aumento no número de candidatos, a quantidade de redações nota mil só caiu. Em 2017, apenas 53 dos mais de 4,7 milhões de participantes alcançaram a nota máxima. Ano passado foram 55 estudantes, de um universo de 4,1 milhões de textos. Os participantes escreveram sobre a Manipulação do comportamento do usuário pelo controle de dados na internet.

Com zero, no Enem 2018, o Inep registrou 112.559 feras (2,73%). No ano anterior foram 309.157 (6,54%). Em 2017, com o tema da redação Desafios para formação educacional de surdos no Brasil, o maior motivo para zerar a redação foi fuga ao tema. Já no ano passado, mais estudantes deixaram a prova em branco.

“Percebi que cresceu o número de candidatos com notas entre 300 e 400 pontos. Passou de 16,5% em 2017 para 24,1% em 2018. Acredito que tem a ver com o tangenciamento do tema. Os candidatos devem ter abordado a internet, mas não associaram à manipulação do comportamento ou controle de dados”, diz a professora Ana Cristina Verdasca. Ele leciona redação no Colégio Santa Maria.

A nota 800 ou mais foi alcançada por 6,5% dos candidatos (262.203 jovens). Júlio César Farias, 17 anos, aluno do Santa Maria, tirou 960. “Também fiquei com nota boa em matemática, 909. É bom porque é a prova mais importante para o curso que eu quero, ciência da computação na UFPE. Dá mais tranquilidade para concorrer no Sisu”, diz Júlio.

O Sisu é o Sistema de Seleção Unificada (Sisu), plataforma online que substitui o vestibular de 129 universidades. Para participar é preciso ter feito o Enem 2018. As inscrições serão de terça a sexta-feira.

Beatriz Pontes, 19, aluna do cursinho da professora Tereza Albuquerque, quase chegou à nota máxima da redação. Ficou com 980 pontos. “Foi muita dedicação. Treinei bastante, escrevi de dois a três textos por semana. E me informei, li, vi vídeos, para ter argumentos independentemente do tema que viesse no Enem”, conta a fera de medicina.

INEP

Indicado para comandar o Inep, Marcus Vinicius Rodrigues disse que mudanças no Enem serão decididas pelo presidente Jair Bolsonaro. “Ele é quem tem que dar as diretrizes, estamos aqui cumprindo uma missão do presidente. O dono do Enem termina sendo o nosso presidente, que é o único que teve 60 milhões de votos e é quem pode responder, mudar e realinhar (a prova). Ele tem esse aval”, afirmou Rodrigues.

Para que Bolsonaro tenha acesso prévio ao exame, será preciso mudar as regras e procedimento de segurança da avaliação. Até o ano passado, nem mesmo os ministros de educação tiveram acesso à prova. A interferência do presidente na elaboração também configuraria uma mudança no modelo atual, já que o Inep é uma autarquia com independência para a elaboração de suas avaliações.