Paris inaugura sua primeira linha de metrô

Obra foi projetada devido à proximidade da Exposição Universal

No dia 19 de julho de 1900, por ocasião da Exposição Universal, o primeiro trecho da linha número 1 do metrô de Paris foi posto em circulação. Esta foi a primeira das atuais dezesseis linhas da rede metroviária da capital francesa. Ligando a Porte Maillot, a oeste, à Porte de Vincennes, a leste, ela possui extensão de 16,5 quilômetros. É historicamente a linha de metrô mais frequentada de toda a rede. Em 2010, transportou 207 milhões de passageiros, número que resulta em uma média de 750 mil passageiros por dia.

A linha foi planejada para rodas pneumáticas rodando sobre berços de madeira. Em 3 de novembro de 2011, tornou-se a primeira linha da rede a ser automatizada com a aplicação de painéis automáticos. Os trens modernizados coabitarão com os clássicos até dezembro de 2012, quando todo o sistema será renovado.

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A idéia da construção do metrô de Paris foi objeto de intensos debates por décadas.  Houve projetos mais ou menos excêntricos e um braço de ferro entre o Estado, favorável a uma interconexão com as grandes ferrovias, e a Prefeitura de Paris, que desejava uma rede servindo apenas à cidade.

A deterioração das condições de circulação em Paris, a exemplo das grandes metrópoles europeias, e a proximidade da Exposição Universal de 1900 convenceram as autoridades a se lançar à construção do metrô. A solução proposta pela prefeitura acaba se impondo. O Estado confia-lhe a concepção e a realização das obras. Adotado pelo Conselho Municipal em 20 de abril de 1896 o projeto de Fulgence Bienvenue e Edmond Huet, o “caminho de ferro metropolitano”, é declarado de utilidade pública em 30 de março de 1898.
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Viaduto de Austerlitz.
Os trabalhos começaram em 4 de outubro de 1898. A prefeitura se encarregaria da infra-estutura da rede – túneis e estações – e a concessionária, Compagnie du Chemin de Fer Métropolitain de Paris, da super-estrutura – vias e acessos às estações.

A partir de novembro do mesmo ano, a prefeitura dá início aos trabalhos preparatórios: construção de galerias de serviço entre o traçado e o rio Sena para a remoção de terra e entulho, deslocamento do coletor de esgoto da rua de Rivoli e remanejamento dos dutos de água. Os trabalhos da linha, propriamente dita, ocorrem em tempo recorde. Durariam escassos vinte meses.

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115 anos depois, este é o mapa do metrô parisiense

A linha foi dividida em onze lotes repartidos entre diversas empresas. Para reduzir a duração dos canteiros, a construção, que deveria utilizar alambrados fincados nas calçadas, acabou ocorrendo em valas cobertas. Em 15 de junho de 1900, a Linha 1 era entregue à Companhia do Metrô para os testes e treinamento de pessoal.

Em 19 de julho de 1900, às 13h00, a linha é aberta ao público entre a Porte Maillot e a Porte de Vincennes, ligando os diferentes pontos da Exposição Universal e servindo aos assistentes dos Jogos Olímpicos do bosque de Vincennes.

A linha foi inaugurada de maneira muito discreta porque a Companhia do Metrô desejava um aumento de carga progressivo. Somente oito estações foram finalizadas e abertas ao público. Dez outras o foram progressivamente entre 6 de agosto e 1º de setembro de 1900. A maior parte delas tinha extensão de 75 metros e as plataformas, 4,10 metros de largura. As edículas exteriores foram concebidas pelo emblemático arquiteto da art nouveau, Hector Guimard.

A eletricidade foi fornecida a partir de 1901 pela central elétrica do bairro de Bercy, onde se encontra hoje a sede da RATP (Empresa pública autônoma de Transportes Parisienses). Anteriormente, a eletricidade era fornecida pelas sociedades Le Triphase e a Compagnie Générale de Traction.

Os parisienses foram logo seduzidos por esse novo meio de transporte que permitia ganhos substanciais de tempo e condições de conforto melhores que os meios de transporte de superfície disponíveis.

Foi necessário aumentar a freqüência e estender os ramais. No começo, um trem surgia a cada dez minutos, depois seis minutos nos horários de pico. No final de janeiro de 1901, a frequência passou a três minutos para atender o aumento importante da demanda. Isso não impediu a saturação da linha, que atingiu quatro milhões de viajantes cumulativamente em dezembro de 1900.

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