PT exclui João Durval de negociações

Daniela Pereira e Osvaldo Lyra

 

Ele já foi vereador, prefeito, deputado federal, governador e agora ocupa uma cadeira no Senado Federal como o quarto senador mais votado do país. Com quase 85 anos de idade, a experiência de vida e o currículo político de João Durval (PDT) parece ter sido ignorada pela própria sigla e pelo governador Jaques Wagner (PT).

Informações chegadas com exclusividade à Tribuna  apontam que o senador tem sido preterido do processo de conversação com o governador, embora tenha feito campanha e sido eleito junto com o petista em 2006. Questionado sobre o assunto, o comando do PT negou qualquer tipo de exclusão, ressaltando que as negociações acontecem diretamente com as lideranças partidárias.

Em períodos de intensas negociações e articulações políticas, formar alianças e garantir apoios de grandes nomes do cenário local é essencial. Contudo, há quem afirme que o senador tem sido excluído pelo grupo político liderado pelo PT, que não faz questão de incluí-lo na discussão política da Bahia.

Assessores próximos ao senador João Durval enfatizam que até o momento nenhum contato foi feito com ele e nem tem sido feito ao longo das duas gestões do governador Wagner. Além disso, Durval também estaria descontente com o abandono do PDT, que sequer cogita possibilidade de ele tentar se reeleger. Há quem diga também que o senador só estaria esperando o fechamento da chapa para lançar-se candidato a governador.

De acordo com o presidente do PT na Bahia, Everaldo Anunciação, a insatisfação do senador é vista como um fato novo, já que as negociações com o PDT, assim como os demais partidos aliados, continuam. “Estamos conversando constantemente com todos os partidos da base aliada. O conselho político é formado por todos os presidentes de todos os partidos e em nenhum momento o PDT colocou isso como um problema. Para mim essa insatisfação é um fato novo”, afirmou o petista, completando que não há articulações diretas com qualquer pessoa, independente do currículo político.

“As pessoas são vinculadas a partidos. Ninguém tem uma representação pessoal, apesar de eu reconhecer a importância do senador João Durval no cenário da política baiana. Agora esse debate da sucessão de 2014 nós estamos fazendo com os representantes dos partidos. É obvio que isso só vai chegar às lideranças. Nós fizemos uma reunião na última quinta-feira que foi para discutir o pontapé inicial de um programa de governo e em momento algum o partido dele nos colocou sobre essa necessidade, mas vamos continuar conversando com todas as lideranças e ocupantes de cargos legislativos. Isso para a gente não é problema e sim satisfação”, disse Anunciação.

Senador tem divergências com comando do PDT

Há sete anos no Senado Federal, João Durval já apresentou um histórico de divergências com as lideranças da sigla. A última delas ocorreu no final do ano passado durante visita do presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, às terras baianas. Apesar de o partido já ter apresentado como nome para o pleito, com chances reais de ocupar o lugar de vice na chapa ao governo com Rui Costa (PT), Marcelo Nilo, o ex- governador baiano decidiu embaralhar o cenário pré-eleitoral ao anunciar o desejo de ser um potencial candidato à reeleição ou ao Palácio de Ondina.

A declaração de Durval soou como uma ameaça a Nilo, que tenta viabilizar a entrada na composição do governo, através de disputa com PP de Mário Negromonte e João Leão. Na época da declaração do ex-governador, Nilo mostrou-se isento das decisões da sigla. “É um grande homem público, ex-governador da Bahia, ex-prefeito, ex- secretário que merece todo o respeito. Sua pretensão deve ser respeitada, mas o partido é quem tem que decidir”, disse o presidente da AL, ressaltando que a Durval ainda não procurou os dirigentes do partido. “Ele não procurou o partido ainda”, afirmou.

Contudo, pessoas ligadas ao senador garantem que ele ainda não foi procurado pelo PDT e nem pelo governador Jaques Wagner, o que é no mínimo estranho. Sem contar, dizem pessoas próximas, que o governo está em plena recomposição de equipe e o senador sequer é ouvido, não é chamado. Certamente com a experiência teria contribuição a dar”, disse.

Na tarde de ontem a Tribuna tentou contato com Marcelo Nilo e com o presidente do PDT na Bahia, Félix Mendonça Junior, mas não obteve êxito. Sobre a situação atual, o senador João Durval já afirmou que prefere silenciar. “Ele está calado porque é a posição dele. É obvio que ele gostaria de estar no comitê, agindo. Mas ele não está vendo forma”, garantiu o ex-deputado.

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