Subhas Bose ataca seu país para livrar-se da colonização britânica

Político e militar que se opôs a Ghandi segue como uma das figuras mais populares da Índia

Em 19 de março de 1944, Subhas Chandra Bose ataca as Índias Britânicas ao lado das tropas japonesas e entra na história de seu país como o “mais determinado inimigo do Reino Unido”.

Wikicommons

Ele se recusa a combater em favor dos britânicos durante a Segunda Guerra Mundial, indo radicalmente contra figuras como Gandhi e Nehru. Bose inauguraria o exército nacional indiano (Indian National Army, INA) com o qual conduziria os ataques.

Nascido em 1897, Bose era originário de Orissa (leste da Índia), mas cresceu em Bengala. Seu engajamento político e a rejeição à colonização britânica o levou a se alistar no Partido do Congresso, cuja presidência assumiu de 1938 a 1939.

Representava os setores mais à esquerda do Partido do Congresso. Opunha-se a Gandhi quanto aos métodos para fazer pressão sobre os britânicos e desdenhava de sua filosofia da não-violência.

Em 1939, forma seu próprio partido, o Forward Block (Bloco Avante), que se distinguia por suas posições violentamente anti-britânicas no momento em que a guerra eclode. Posições que, em 1940, o levaram pela 11ª vez aos cárceres britânicos.

Bose alcança a liberdade graças a uma greve de fome, mas os britânicos esperavam prendê-lo de novo assim que recuperasse suas forças. Enquanto isso, o líder nacionalista consegue deixar sua residência em Calcutá disfarçado de agente de segurança muçulmano. Chega de trem a Peshawar, depois atravessa a pé os territórios tribais do noroeste do atual Paquistão, fazendo-se passar por surdo-mudo.

Deixa, dessa maneira, a British Raj (Índias Britânicas) e chega em Cabul. De lá, alcançaria a Alemanha nazista pela União Soviética, ainda ligada a Berlim pelo pacto de não-agressão.

Esse homem de ideias socialistas vê nas potências do Eixo aliados preciosos para a conquista da independência indiana. O ministro do Exterior Ribbentrop diz-lhe que pode contar com a ajuda de seu país. Todavia, Hitler dá só um apoio débil à ideia de independência dos indianos, que afirmam também descender da raça ariana.

O primeiro projeto de Bose consistia em atacar a Raj pelo noroeste. Porém, a ruptura do pacto germano-soviético tornou-se opção impossível. A partir do começo de 1942, o avanço japonês no sudeste da Ásia lhe permite arquitetar uma nova estratégia. Cerca de três milhões de civis e numerosos soldados indianos, capturados na Malásia e Cingapura, caem sob controle dos japoneses. Bose imaginou alistar esses indianos num “exército de libertação” que entraria na Índia pelo leste.

Em fevereiro de 1943, toma um navio em Kiel, Alemanha, para chegar à Ásia. Em pleno Oceano Índico, é transferido de um navio alemão a um submarino japonês. Em maio de  1943, chega a Tóquio. Os japoneses o acolhem de braços abertos. Sua visão é compatível com o projeto nipônico de criar um “grande arco de co-prosperidade asiática”.

Alguns meses mais tarde, em outubro de 1943, Bose proclama um governo indiano provisório e cria o Exército Nacional Indiano. Convence cerca de um terço dos prisioneiros de guerra em poder dos japoneses a se unir a esse exército de libertação.

A partir de março de 1944, combate os britânicos. Em poucas semanas essa operação militar se transforma num fiasco completo, apesar de uma parte da opinião pública indiana louvar o heroísmo desses soldados combatendo os colonizadores.

Em agosto de 1945, poucos dias antes da rendição do Japão, Bose morre num misterioso acidente de avião ao sul de Taiwan. Os britânicos pretenderam julgar alguns de seus oficiais, contudo, manifestações violentas, notadamente em Calcutá, os impediram.

Enquanto certos historiadores o acusam de simpatias fascistas, Subhas Chandra Bose segue sendo, ainda hoje, extremamente popular, sobretudo em Bengala.

O aeroporto internacional de Calcutá carrega seu nome. Numa sondagem sobre “Os 60 Maiores Indianos” da história, organizado pelo jornal semanal India Today em 2008, Bose chegou à segunda posição, bem a frente de Mahatma Gandhi. Os indianos o reverenciam com o epíteto de “Netaji”, o chefe respeitado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *