Definitivamente, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não está nem aí para a crise da pandemia do coronavírus e seu reflexo na vida das pessoas. Basta olharmos para as medidas anunciadas nesta sexta-feira (27) por ele e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
A promessa é que o programa anunciado por eles vai disponibilizar no máximo R$ 20 bilhões por mês, ou seja, R$ 40 bilhões em dois meses.
Do total de R$ 40 bilhões que serão ofertados, 85% virão do Tesouro Nacional e outros R$ 15% de bancos privados.
Para o leitor ter uma ideia da limitação dessa linha de crédito emergencial, de R$ 20 bilhões, o governo “queimou” só em março cerca de R$ 76 bilhões (US$ 15,2 bilhões) na tentativa de segurar a cotação do dólar. O dinheiro “torrado” saiu das reservas internacionais do Brasil, que estão na casa dos US$ 361 bilhões, deixadas pelos governos do PT.
Acerca da ajuda do governo poder-se-ia dizer, a princípio, que ela é “frustante” porque o montante destinado ao combate dos efeitos do coronavírus é muito pequeno –quase nada diante de uma recessão preexistente, qual seja, fabricada pelo presidente Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes, antes mesmo da eclosão da COVID-19.
Para ser efetivo, o governo deveria ter anunciado ajuda a fundo perdido ao invés de financiamento em troca de empregos e da permanência dos trabalhadores em casa.
Os estímulos econômicos anunciados até agora pelo governo Bolsonaro representam 5% do PIB (Produto Interno Bruto) do país. Mas descontadas as medidas de crédito – empréstimos que o governo está facilitando, mas que as empresas terão que pagar de volta no futuro – , o valor cai para R$ 228 bilhões, ou o equivalente a 3,1% do PIB.
Comparativamente, o Brasil fica na lanterna em relação aos demais países que também lutam contra a pandemia do coronavírus.
Veja e compare os gastos dos governos mundiais para enfrentar a crise do coronavírus:
- Na Alemanha, 35% do PIB
- Espanha, 17% do PIB
- Reino Unido, 17% do PIB
- França, 15% do PIB
- Estados Unidos, 10% do PIB
Nos Estados Unidos, governo e parlamentares chegaram a um acordo para um pacote de ajuda de mais de US$ 2,2 trilhões, ou seja, R$ 11 trilhões.
Note o caríssimo leitor que o governo Jair Bolsonaro faz toda a espécie de bruxaria para não conceder a “ajuda” a fundo perdido, a exemplo dos demais países. A solução brasileira consiste em:
- Antecipações
- Adiamentos
- Remanejamento de recursos
- Crédito
Esses quesitos na verdade manejam “dinheiro velho” e dinheiro que não pertence ao governo, por exemplo, a antecipação do pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas do INSS e a antecipação do pagamento do abono salarial.
O diferimento tributário, que é o ato de o governo adiar por três meses, os recolhimentos ao FGTS e o pagamento do Simples.
Já o remanejamento de recursos diz respeito ao atual orçamento, que seria puxado como se fosse um cobertor curto: cobrir-se-á a saúde, mas, possivelmente, descobrir-se-á a educação.
Quanto ao crédito, ora, é dinheiro emprestado a juros pelo sistema bancário.
Em síntese, comparado com os líderes mundiais, Bolsonaro não leva a sério a pandemia no Brasil.