188 anos depois, documento inédito confirma causa da morte de D. Pedro I

Laudos médicos sobre as últimas semanas de vida do imperador ajudam a esclarecer boato sobre sua agitada vida sexual

Fabio Previdelli

Com uma crise de sucessão ao trono de Portugal, Dom Pedro I abdicou do seu posto de imperador do Brasil e lutou na Guerra Civil Portuguesa em julho de 1832. Com o fim do conflito, porém, sua saúde estava muito debilitada e, após contrair tuberculose, ele veio a falecer em 24 de setembro de 1834.

Entretanto, devido a sua vida sexual notoriamente agitada, visto que ele tinha diversas amantes, sendo a Marquesa de Santos a mais famosa entre elas, surgiu o boato de que o imperador poderia ter sido vítima de sífilis.

Em 2013, porém, a arqueóloga Valdirene Ambiel, na Universidade de São Paulo (USP), que exumou os restos mortais de Pedro I, realizou exames de tomografia e encontrou indícios de que a tuberculose realmente havia acometido o imperador.

Agora, um novo fato corrobora com os estudos de Valdirene. Segundo matéria publicada pelo Estadão, laudos médicos sobre as últimas semanas de vida de Pedro I foram descobertos em Munique, na Alemanha, pela pesquisadora e escritora brasileira Cláudia Thomé Witte. Os documentos foram repassados para escritor e especialista em monarquia brasileira Paulo Rezzutti.

Biógrafo de diversas figuras importantes do período, Rezzutti contou com a ajuda do médico português Pedro de Freitas para entender como a saúde do monarca foi tratada no fim de sua vida.

Não há nenhum dado que aponte para sífilis, nem nunca vi nenhuma descrição das lesões típicas da sífilis, nos genitais, na pele etc”, aponta o médico lusitano ao Estadão.

Freitas sugere, aliás, de onde pode ter surgido esse boato: na época, Pedro I enfrentou tratamentos com mercúrio, o que era muito comum no combate de infecções sexuais. Entretanto, em seu caso, o uso se deu “como anti-hemorrágico para evitar as hemoptises” — a eliminação de sangue do trato respiratório pela tosse.

“E o fato de só ser introduzido esse medicamento nesta fase avançada da doença prova que não o fazia antes (para controlar uma eventual sífilis). Aliás, com a vida sexual tão intensa e diversificada de dom Pedro, até estranho ele não ter contraído sífilis. Mas nada encontrei a esse respeito”, completa.

Nova edição

A ficha médica sobre os dias finais de Dom Pedro I foram inseridas na nova edição da biografia escrita por Paulo Rezzutti, ‘D. Pedro I: A História Não Contada — O Homem Revelado por Cartas e Documentos Inéditos’ que ganhou um box comemorativo com reedição ampliada junto da obra, também de Rezzutti, ‘D. Leopoldina – A Mulher que Arquitetou a Independência do Brasil’.

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