Ex-chefe do DOI-CODI é denunciado por homicídio e ocultação de cadáver
O ex-chefe do DOI-Codi em São Paulo Audir Santos Maciel foi denunciado pelo Ministério Público Federal pela suspeita de homicídio e ocultação do cadáver do militante político José Montenegro de Lima durante a ditadura militar. O DOI-Codi foi um dos principais centros de tortura e repressão aos adversários do regime.
Segundo a Procuradoria, o militante do PCB -conhecido como Magrão- foi assassinado em 29 de setembro de 1975 com uma injeção usada em sacrifícios de cavalos e teve seu corpo atirado no rio Novo, em Avaré (267 km de São Paulo). O corpo nunca foi encontrado.
Ainda de acordo com a denúncia, Magrão havia recebido US$ 60 mil para montar a estrutura para a produção do jornal “Voz Operária”, do Partido Comunista Brasileiro. Ao saber dos recursos, diz a Procuradoria, uma equipe do DOI-Codi prendeu o militante, o matou e, depois, foi à casa dele para pegar o dinheiro, que, afirma, foi dividido entre a cúpula do órgão repressivo.
Para o MPF, a ação foi planejada pelo então tenente-coronel do Exército Santos Maciel, que teria ele próprio executado Magrão em um centro clandestino de torturas localizado na rodovia Castello Branco, no município de Araçariguama (53 km de São Paulo). A denúncia é fruto do depoimento do ex-agente do regime militar Marival Chaves Dias do Canto. “Além disso, o cargo de chefia ocupado pelo militar lhe garantia ciência e pleno domínio dos fatos, bem como autoridade direta sobre os agentes que participaram da morte do militante”, diz a Procuradoria.
O militar foi denunciado pelo crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo torpe e mediante recurso que tornou impossível a defesa da vítima, e ocultação de cadáver.