Bolívia é o maior deserto de sal do mundo e tem paisagens incríveis

Com 12 mil km², o Salar de Uyuni é destino certo para quem quer conhecer lugares incríveis gastando pouco

Iasmin Sobral

Um infinito azul e branco. Com mais de 12 mil km² de extensão, o Salar de Uyuni, na Bolívia, é o maior deserto de sal do mundo. As paisagens chegam a confundir e, muitas vezes, não conseguimos definir os limites do céu. Lá, o horizonte impressiona e o chão espelha a beleza vista por todos os lados.

Os 360 graus de paisagens inacreditáveis transformaram o Salar e a Bolívia em destinos queridinhos dos viajantes. Principalmente mochileiros que querem gastar pouco.

Salar de Uyuni é o maior deserto de sal do mundo: são 12 mil km²
(Foto: Flickr/Nico Kaiser)

Conhecida por sua altitude, montanhas com neve, sítios arqueológicos milenares e folhas de coca, a Bolívia surpreende também pelo baixo custo, que incentiva ainda mais o turismo. O boliviano, moeda do país, é desvalorizado em relação ao real. Até o fechamento desta reportagem, R$ 1 valia cerca de B$ 1,60. Ou seja, nossa moeda vale quase o dobro da deles.

Tour no Salar
O passeio, que sai da cidade de Uyuni, a cerca de 550 km da capital, La Paz, geralmente é feito em um tour de três dias e duas noites, com carros 4×4. Custa de B$ 800 a B$ 950. As agências Blue Line, ColqueOasis Tour são algumas das mais procuradas. Todos os gastos com comida e hospedagem já estão inclusos no preço.

Outro atrativo do passeio são os hotéis, todos localizados no meio do deserto e construídos basicamente de sal. A visita começa por um cemitério de trens –  a Bolívia era grande exportadora de minério, mas, após uma crise na década de 40, tudo o que restou foram maquinários enferrujados.

Tem também uma ilha de cactos de mais de mil anos, lagoas coloridas impressionantes, com direito a flamingos, montanhas nevadas, áreas vulcânicas, com gêiseres e até águas termais onde o banho é permitido por apenas B$ 6. Na Bolívia, quase nada é de graça, e você aprende isso na prática.

Cemitério dos Trens é a primeira parada do tour no Salar de Uyuni: maquinário velho
(Foto: Lúcia Margarida Sobral)

Malas prontas
Brasileiros não precisam de passaporte nem visto. A Bolívia é um país associado ao Mercosul, então podemos entrar no país apenas com a carteira de identidade. A visita requer algumas vacinas, como de febre amarela, que deve ser tomada até um mês antes da viagem.

A língua falada é o espanhol, apesar dos nativos mais velhos ainda utilizarem quíchua e aimará, idiomas faladas pelos índios na época do Império Inca, no Século 16.

A moeda utilizada é o boliviano. Há casas de câmbio nos aeroportos e nas cidades, mas é melhor trocar o dinheiro ainda no Brasil. Dá para encontrar a moeda no Galeão e em Guarulhos, onde as taxas de câmbio geralmente são menores.

Laguna Colorada é um dos momentos mais esperados do tour pelo Salar

(Foto: Flcikr/Ryan Anderton)

Lado negativo
A cada descoberta, o interesse em visitar o Salar aumenta. Mas há alguns problemas. E não estou falando sobre as taxas existentes em tudo, até mesmo para usar banheiros. Inclusive, ao pagar os B$ 2 dos banheiros públicos não espere um ambiente limpo.

O primeiro porém da Bolívia é a altitude. A maioria das cidades do país está acima do nível do mar. No Deserto de Sal não é diferente. Localizado a mais de 3.500 metros de altura, a adaptação pode ser complicada. Muitas pessoas se sentem mal e têm enjoo, dor de cabeça e diarreia. As pílulas para o mal de altitude, conhecidas como soroche pills, em inglês, podem ser milagrosas.  Elas devem ser consumidas a cada seis ou oito horas e custam de B$ 5 a B$ 10. Vão salvar sua viagem.

Outro ponto, ao menos para baianos, é o frio. Os dias podem ter sol forte e chegam até a ser calorentos, apesar do vento. Só que, de noite, as temperaturas e sensações térmicas atingem números negativos. Em setembro do ano passado, peguei -2°C de noite, enquanto durante o dia os termômetros chegaram a marcar 18°C. Uma importante dica é levar casaco impermeável, o famoso “corta-frio”, e roupas que aqueçam, principalmente meias.

No tour pelo Salar dá para passear pelo deserto e pelas montanhas que compõem a região
(Foto: Iasmin Sobral)

Pobreza
Viajar para a Bolívia é uma experiência cultural intensa. Os quase 10 milhões de habitantes vão fazer da sua viagem uma amostra multiétnica que surpreende a cada dia. Os costumes são bastante diferentes dos brasileiros. As crianças têm maior liberdade e andam sozinhas pelas ruas. Os bebês são levados em amarrações de pano chamadas Kepinas, junto com frutas, legumes e comidas compradas pelas mães.

A pobreza do país também impressiona, com 60% da população vivendo nela. O governo do atual presidente, Evo Morales, estimulou o crescimento econômico registrado no país nos últimos 30 anos, acompanhado também de uma diminuição moderada na desigualdade de renda. Vale lembrar que a Bolívia é dona da segunda maior reserva de gás natural da América do Sul.

Lhamas são animais típicos de países de países da Cordilheira dos Andes, como Bolívia,
Chile e Peru; domesticadas, elas transportam cargas, produção de lã e couro
(Foto: Iasmin Sobral)

SE SITUE

Como chegar
A melhor maneira é pegar um voo de São Paulo ou do Rio de Janeiro até Santa Cruz de La Sierra, cidade mais populosa. A viagem dura umas 3 horas e há voos pelas companhias Gol, Avianca, Tam e Aerolíneas Argentinas.

As viagens internas, entre cidades, geralmente são feitas de ônibus. As passagens são realmente baratas, mas as condições das estradas são precárias e a ida de um lugar para o outro pode demorar muito. Por exemplo, de Santa Cruz para Uyuni, de onde sai o tour para o Salar, a viagem leva mais de 10 horas. De La Paz para Santa Cruz, são 20 horas em ônibus semileito.

Onde ficar
Há albergues super divertidos na Bolívia. Em La Paz, por exemplo, os mais bem indicados pelo site HostelWorld são Loki Hostel e o Wild Rover, onde a noite custa, em média, R$ 40, em quartos compartilhados, e R$ 100 em quartos duplos.

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