Bahia aumenta folha salarial para reagir à crise
Vitor Villar
Em campo, não dá para negar que o Bahia tem reagido na Série B. Invicto no returno, com três triunfos e um empate, o Tricolor viu a diferença para o G-4 diminuir de oito para três pontos.
Mas a mudança no campo não saiu de graça. Como efeito da troca de comissão técnica e dos sete reforços em dois meses, o Esquadrão aumentou cerca de R$ 700 mil da sua folha mensal com o elenco.
Segundo o próprio clube, o Bahia gasta nesa R$ 3,2 milhões por mês com os salários dos atletas e da comissão técnica. Antes da crise, que estourou em meados de junho, com quatro derrotas em sequência, a folha mensal era de cerca de R$ 2,5 milhões.
Nesse intervalo, o time trocou Doriva por Guto Ferreira – cuja comissão técnica estima-se receber R$ 350 mil por mês – e contratou o goleiro Anderson, o zagueiro Tiago, o lateral direito Eduardo, o volante Luiz Antônio e os atacantes Allano e Victor Rangel.
O arqueiro Muriel, outro reforço, veio sem custos para o clube. Além disso, o atacante Hernane estendeu seu contrato até 2018, com generosa valorização. Por outro lado, o elenco se desfez de atletas como Marcelo Lomba.
A verba supera a prevista no orçamento para o ano, de gastar até 2,5 milhões por mês com o elenco. “No ano passado, a folha girou entre R$ 1,5 e 1,7 milhão. Na virada do ano, a gente já tinha chamado atenção colocando uma verba mais alta, visando ter um time mais forte”, lembrou o diretor administrativo do clube, Marcelo Barros. “No Baiano, girava em torno de R$ 2,3 milhões por mês. Quando a Série B começou, era de R$ 2,5 milhões”.
O diretor argumenta que o acréscimo foi possível por conta do aumento da receita do clube. “O orçamento foi feito antes de recebermos o valor do Esporte Interativo, por exemplo”, disse, sobre os R$ 40 milhões dados como prêmio pelo canal de TV pelo contrato assinado com o Bahia, pagos de maneira única em março.
Superávit
Barros afirma que, apesar do alto investimento no futebol, o Esquadrão poderá fechar o ano no azul: “Considerando as despesas atuais, a nossa expectativa é fechar com mais de R$ 15 milhões de superávit”. Nessa conta, estão incluídos os R$ 40 milhões do Esporte Interativo, que não se repetirá no ano que vem.
O orçamento também dava conta da reserva de R$ 5 milhões para comprar direitos de jogadores em definitivo. O zagueiro Jackson e o atacante Hernane já foram adquiridos, mas, segundo Barros, o valor permanece o mesmo e não foi totalmente consumido.
Outro ponto destacado pelo diretor é que, além das despesas, o clube também quita dívidas adquiridas em gestões anteriores, mais de R$ 1 milhão por mês: “São R$ 420 mil do acordão trabalhista, R$ 350 mil do Profut (programa de quitação de dívidas com a União), entre outros. Além disso, colocamos R$ 150 mil por mês para que o setor jurídico feche novos acordos”.