Entenda o que são as doenças raras, que atingem cerca de 13 milhões no Brasil

Queli Saraiva foi diagnosticada com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP)
Queli Saraiva foi diagnosticada com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP) Foto: Arquivo pessoal
Ana Paula Blower
 

Existem cerca de sete mil tipos de doenças raras no mundo e, no Brasil, estima-se que mais de 13 milhões de pessoas convivam com o problema. No último dia 28, foi lembrado o Dia Mundial de Doenças Raras, uma data criada para conscientizar autoridades, médicos e população.

— As doenças raras existem e não podem ficar esquecidas. Para algumas há cura e centros especializados para o tratamento — ressalta Erika Bezerra Parente, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia.

Ela observa que, por serem pouco comuns, essas patologias podem passar desapercebidas por médicos.

— A síndrome de cushing (níveis elevados de cortisol), por exemplo, pode se confundir com obesidade. Temos que conscientizar a todos para melhorar o diagnóstico — diz a médica.

O geneticista João Gabriel Daher explica que são doenças crônicas, progressivas, degenerativas, incapacitantes e, muitas vezes, fatais.

— Setenta e cinco porcento dessas doenças se manifestam em crianças. Por isso a preocupação em fazer o diagnóstico precoce, que pode trazer aumento da qualidade de vida dos pacientes —afirma o especialista do laboratório Lafe.

Ele cita os sinais aos quais é preciso prestar atenção nas crianças como, por exemplo, atraso cognitivo.

— Se demora a andar ou falar, tem alterações da face, como orelhas grandes demais ou testa proeminente, deve-se procurar um médico para avaliação — diz Daher.

Qualidade de vida após o tratamento

Queli Saraiva foi diagnosticada com Hipertensão Arterial Pulmonar (HAP), em fevereiro de 2015. Ela começou a ter muita falta de ar com qualquer tipo de esforço e se sentia muito cansada. Ao procurar um hospital, chegou a ser tratada como se passasse por uma crise de estresse. Queli estava no quarto mês de gestação quando foi diagnosticada corretamente.

— Ficamos muito preocupados porque a indicação é que a pessoa que tem essa doença, com maior incidência em mulheres, não engravide. Mas ela e o bebê conseguiram. Hoje, com tratamento adequado, com medicamentos vasodilatadores, a sobrevida aumenta. É uma vida de limitações. Mas passa a se viver quase normalmente — diz Rogério Rufino, pneumologista da UERJ e médico de Queli.

O diagnóstico da HAP é feita por ecocardiograma e, a seguir, com cateterismo cardíaco. O médico explica ainda que os remédios tratam os sintomas, mas não curam a doença, que é progressiva.

Doença controlada: Queli com a família
Doença controlada: Queli com a família Foto: Arquivo pessoal

‘O que me dá força são os meus filhos’

— Foi muito difícil quando descobri. Até hoje faço atendimento psicológico, que me ajuda. Melhorei muito com a medicação e estou voltando à minha vida, ainda com dificuldades. Era professora e tive que parar de trabalhar. O que me dá força são os meus filhos, que achei que não fosse conseguir ver crescerem. Hoje, cuido deles e da casa sozinha — comenta Queli Saraiva, de 32 anos, paciente de Hipertensão Arterial Pulmonar.

Portal de notícias

A plataforma Muitos Somos Raros é uma iniciativa da Sociedade Brasileira de Genética Médica, da Tino Comunicação e do Instituto Vidas Raras. O objetivo é oferecer conteúdo sobre doenças raras para a população, para autoridades em saúde e para a imprensa. Para saber mais sobre o assunto, o endereço da página na internet é www. muitossomosraros.com.br.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *