Educadora do Ano vai ao sacolão para alfabetizar alunos
A pedagoga Elisangela Carolina Luciano, de 36 anos, acorda todos os dias com um ideal em mente: fazer com que todos os alunos do 1º ano da Escola Municipal Adirce Cenedeze Caveanha, em Mogi Guaçu, no interior de São Paulo, cheguem ao final do ano conhecendo as letras. Para isso, ela não poupa esforços em projetos que visam mostrar às crianças a importância de aprender a ler e escrever em um país que, no último ano, “ganhou” 300.000 analfabetos, segundo índice do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A iniciativa de Elisangela para reverter essa realidade foi levar os alunos ao sacolão da cidade e ensiná-los a escrever os nomes dos alimentos — o que lhe rendeu o título de Educadora do Ano pela Fundação Victor Civita, que tem o Grupo Abril como um de seus mantenedores. “O segredo é não tratar a alfabetização como um fardo para os alunos, mas como aprendizado com uma função social real”, afirma Elisangela..
Pensando nisso, a educadora, que é formada em pedagogia e se especializou em alfabetização infantil, dedicou a carreira ao desenvolvimento de projetos que vinculem as aulas a atividades ligadas ao dia a dia da criança. Escrever cartões de papelaria e realizar resenhas de filmes infantis são alguns dos recursos pensados por Elisangela para que o aluno se interesse pelas letras. “Mas dentro desse plano de intervenções no bairro, faltava algum exercício que ajudasse os alunos a escrever listas de palavras, como de animais ou frutas” — uma prática benéfica à construção de uma boa base alfabética para a criança, segundo a pedagoga.
Ela encontrou a solução para o impasse em um sacolão próximo à escola. “Vi que um estabelecimento anotava as informações dos alimentos à caneta, em placas.” A professora, então, resolveu levar os alunos ao sacolão para que aprendessem a fazer essas placas. O projeto, intitulado “Alfabetização e comunicação visual”, foi iniciado pela classe em março, no início do ano letivo. Para realizar o exercício, os 23 alunos — dos quais apenas três conseguiam ler e escrever antes do projeto — tiveram acesso ao dicionário e à internet para pesquisarem os nomes corretos dos alimentos e as informações nutricionais de cada. No processo, os pequenos que já sabiam ler ajudavam os que não sabiam. “Eu sentia que as crianças estavam motivadas a aprender a ler e escrever porque viam sentido naquilo”, afirma a educadora.
O resultado do trabalho foi gratificante para a pedagoga: não só todos os seus 23 alunos aprenderam a reconhecer as letras até abril, como o projeto, inscrito no Prêmio Educador Nota 10, da Fundação Victor Civita, rendeu a Elisangela o posto de Educadora do Ano. O troféu foi entregue em cerimônia da última segunda-feira, na qual estiveram presentes os dez vencedores da edição 2013 do concurso, que busca ideias inovadoras de profissionais da educação. Cada um dos dez selecionados ganhou 15.000 reais e um tablet. A Educadora do Ano recebeu outros 5.000 reais. “Pessoalmente, fiquei satisfeita porque meu projeto foi reconhecido por especialistas na área em que trabalho.
Fonte: Veja