Prisões do mensalão não alteram tendências eleitorais

MENSALÃO
As prisões de condenados pelo Supremo Tribunal pelo processo do mensalão, ocorridas há poucos dias, não devem alterar as tendências eleitorais registradas pelo Datafolha e Ibope relativamente às eleições presidenciais de 2014. São fatos distintos e assim foram focalizadas pela opinião pública. A presidente Dilma Rousseff não se pronunciou e o ex-presidente Lula, de forma enfática, porém neutra, indagou quem seria ele para contestar uma sentença da Corte Suprema. As manifestações ficaram por conta do deputado Rui Falcão, presidente do PT, e de um pequeno grupo de petistas quando da apresentação dos ex-deputados José Dirceu e José Genoíno à Polícia Federal. Os próximos levantamentos dos dois institutos devem confirmar essa previsão.
O impacto junto à opinião pública certamente foi grande, sobretudo pelo caráter excepcional de que se revestiu acrescentado pela repercussão do fato nos veículos de comunicação. Houve certamente uma expectativa intensa no espaço de tempo entre a decretação das prisões e apresentação dos réus. Não é de supor que, apesar disso, tenha produzido reflexos de porte nas intenções de voto registradas até agora.
A opinião pública, no fundo, sabe separar as coisas e os efeitos delas no seu posicionamento. Afinal de contas, ninguém pode se apresentar como dono de uma vitória que pertence a toda sociedade. Passaram-se oito longos anos entre a explosão do esquema do mensalão e seu quase desfecho final. É preciso não esquecer que José Dirceu, então ministro chefe da Casa Civil, terminou deixando o cargo através de ato do próprio presidente Lula.
Naquele momento, ele não só perdeu cargo como a condição de candidato do Planalto à sucessão presidencial de 2010. Ele era capitão do time, como o próprio Lula o chamava. Dilma Rousseff  o substituiu na Casa Civil e também a candidatura presidencial quatro anos depois. José Dirceu, na realidade, foi o grande derrotado em todo o processo crítico que se desenvolveu no país e cujo desfecho começou a ocorrer concretamente a partir do final desta semana. Mas esta é outra questão.
NOVAS PESQUISAS
Ibope e Datafolha vão realizar pesquisas na tentativa de identificar se as prisões decretadas por ato do ministro Joaquim Barbosa, influem de algum modo ou não nas preferências eleitorais vinculadas à sucessão presidencial. Acredito que não como disse há pouco. Em primeiro lugar em função da separação dos campos de análise. Depois em face não terem ocorrido episódios de peso vinculados às eleições. Enquanto a candidatura Dilma Rousseff, como é natural, segue seu curso, as indefinições no PSDB prosseguem, bem como as dúvidas no PSB.

Entre os tucanos permanece a desarmonia entre Aécio Neves e José Serra. No Partido Socialista Brasileiro, o choque entre as correntes de Marina Silva e Eduardo campos. Nenhum dos quatro fez qualquer pronunciamento de peso em referência às prisões de réus do mensalão decretadas até agora e quanto a continuidade dos julgamentos a serem completados. Mesmo que fizessem, o voto na urna é uma coisa. O voto dos ministros do STF outra. Datafolha e Ibope devem, creio, confirmar essa face da questão.

(Tribuna da Imprensa)

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