Oficina de dança em Brasília resgata cultura afro-brasileira
Um grupo do cerca de 50 pessoas participou de uma oficina de danças afro-brasileiras na Fundação Nacional de Artes (Funarte) em Brasília. O ritmo marcante das pisadas e os movimentos de pernas, quadris e ombros, sempre em roda, tomaram conta do espaço. A oficina foi coordenada pelo grupo Ilú Obá de Min – Educação, Cultura e Arte Negra, de São Paulo, que faz atividades pela primeira vez na capital federal.
A oficina fez parte da 6ª edição do Latinidades – Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha, que vai até o dia 27 de julho. A programação trata da cultura afro-brasileira na perspectiva das mulheres negras e traz temas como empreendedorismo, economia criativa, cultura e comunicação, com atividades abertas ao público.
A atividade foi ministrada pela professora de dança brasileira Roberta Viana. Os ritmos apresentados na aula de hoje foram o coco e o cacuriá. De acordo com Roberta, ambos são ritmos brasileiros criados no encontro dos africanos, indígenas e europeus. “Essa oficina tem o intuito de mostrar uma cultura que é nossa, mas com os quais as pessoas não tem contato. A gente quer mostrar a riqueza dos nossos ritmos, da nossa dança. São ritmos que contagiam porque estão na gente”, explica a professora.
No final da aula, Roberta incentiva os alunos para que pesquisem mais e para que passem para frente o que aprenderam ali. Para os curiosos e dançarinos de primeira viagem, ela explica o significado da roda, elemento comum nas danças: “A roda é o elemento ancestral, tudo é feito em roda, a roda deixa todo mundo igual, todo mundo olha para todo mundo, todo mundo consegue trocar uma energia. Se a roda está aberta, a energia vai embora, se está fechada e todo mundo está ali junto, a energia se mantém e faz o ritmo”.
Entre os alunos participantes estavam alguns que já conheciam os ritmos, como Marco Aurélio Moraes. Pela segunda vez, ele participa de uma oficina como esta. A primeira foi na cidade natal, São Luís (MA), há 12 anos. “É muito bonito”, diz ele, que trabalha com dança de salão. “Sonho em fazer uma apresentação com ritmos afros, que comece com o samba. E para isso busco sempre aprender todas as técnicas a que quais tenho acesso”.
Já Juliana Lopes não pratica nenhuma dança. O primeiro contato com a dança afro-brasileira foi também em um festival, no ano passado. “É muito difícil ter acesso, são danças muito regionais. A batucada é o que mais me chama atenção”.
O grupo Ilú Obá de Min é formado, em sua organização, exclusivamente por mulheres. O objetivo principal é a preservação da cultura africana e afro-brasileira, o protagonismo feminino e a manutenção de antigas tradições na região urbana. O grupo é responsável pelo bloco de carnaval que leva o mesmo nome, que desfila nas sextas-feiras antes do carnaval, na capital paulista. Ele é formado por ritmistas, cantoras e o corpo de dança. Este ano, atraiu 13 mil pessoas, segundo o próprio grupo. (Agência Brasil)