Morreu neste sábado o coronel José Nino Gavazzo, o mais conhecido repressor da ditadura uruguaia, uma espécie de coronel Brilhante Ustra do país. O militar tinha 81 anos e cumpria prisão domiciliar após ser condenado pelo sequestro e desaparecimento de 28 pessoas nos anos de chumbo do país. Antes do jogo contra o Peñarol, pela primeira divisão do campeonato uruguaio, jogadores do Villa Española, entraram em campo com uma mensagem de protesto contra o ex-militar: “Nem esquecimento, nem perdão”.
O meio-campo e líder do time Santiago López ainda foi para o jogo com uma camisa por baixo do uniforme com a frase: “foste sem falar, covarde”, em referência às vítimas de Gavazzo que jamais foram encontradas.
O clube Villa Española também postou mensagem em suas redes sociais sobre o carrasco: “Para os vizinhos. Para os trabalhadores da FUNSA. Para os desaparecidos. Pelo ódio organizado contra o povo uruguaio. Pela dor irreparável que nos deixaram como sociedade”.
José Nino Gavazzo
O coronel aposentado José Nino Gavazzo morreu no último sábado (26) no Hospital Militar após sofrer um derrame. Ele tinha 81 anos e estava internado desde sexta-feira.
O ex-militar integrou o Gabinete III do Serviço de Informações de Defesa (SID) durante a ditadura (1973-1985) e cumpria atualmente prisão domiciliar.
Gavazzo foi condenado junto com outros ex-repressores por 28 homicídios qualificados. O promotor especializado em Crimes contra a Humanidade, Ricardo Perciballe, disse ao El País que Gavazzo enfrentou muitas causas de violações dos direitos humanos.
Segundo Perciballe, alguns desses autos já continham condenação, como a realização de uma segunda fuga da Argentina transportando presos políticos, e pelas mortes do professor e sindicalista Julio Castro e da nora do escritor argentino .
O promotor observou que Gavazzo também enfrentou alguns processos pendentes e pedidos de acusação relativos a violações dos direitos humanos contra presos políticos.
Em março de 2019, o El Observador publicou as confissões de José Gavazzo perante o Tribunal de Honra Militar, nas quais admitia ser o responsável pelo desaparecimento do tupamaro Roberto Gomensoro nas águas do Rio Negro.
O Tribunal de Honra Militar entendeu que essas atitudes “não afetaram” a honra da instituição.
Poucos dias antes da publicação dessas confissões, o então presidente Tabaré Vázquez decidiu demitir o comandante-em-chefe do Exército Guido Manini Ríos (atual senador e líder do Cabildo Abierto) por questionar a condenação do ex-militar pela Justiça civil.