Prefeito pede ajuda do Exército aos índios

Após revolta da população do município no Amazonas, índios foram orientados a ficar confinados na reserva e não retornarem à cidade

Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto - 27/12/2013Revoltados com o desaparecimento de três homens, moradores de Humaitá atearam fogo na sede da Funasa e da Funai na noite de quarta-feira (25) e destruíram 13 veículos e três barcos usados no transporte de índios. Segundo a Polícia Militar, cerca de 3.000 pessoas participaram do protesto – 27/12/2013 (Raolin Magalhães/Folhapress)

O prefeito de Humaitá, José Cidinei Lobo do Nascimento (PMDB), enviou nesta quinta-feira um apelo ao Exército para que seja garantida assistência aos índios da Terra Indígena Tenharim Marmelos. Segundo ele, desde que as instalações e veículos da Fundação Nacional do Índio (Funai) na cidade foram incendiados por uma revolta popular no último dia 25, os indígenas ficaram sem atendimento e estariam privados de remédios e alimentos. Eles também foram orientados a não ir para a cidade e estão confinados na reserva.

“O Exército e a Força Nacional controlam a área e têm condições de garantir a chegada de auxílio aos índios, que são habitantes do nosso município”, disse o prefeito. O pedido seria reforçado em contato do prefeito com o general Ubiratan Poty, comandante da 17ª Brigada do Exército em Porto Velho (RO), na noite desta quinta-feira. O general retornou à cidade em razão do clima tenso que ainda persiste na região.

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As buscas pelos três homens desaparecidos desde 16 de dezembro quando cruzavam a reserva indígena continuam. O advogado contratado pelos familiares, Carlos Terrinha, informou que até a tarde desta quinta não havia indício dos três homens – o professor Stef Pinheiro, o comerciante Luciano Ferreira Freire e o técnico Aldeney Ribeiro Salvador. Eles teriam sido mortos pelos índios em represália ao suposto assassinato do cacique Ivan Tenharim. Segundo a versão da polícia, o cacique se acidentou com sua moto.

De acordo com o advogado, apesar de ter garantido à Polícia Federal que ajudariam na busca de informações sobre os desaparecidos, os caciques indígenas não estariam colaborando com as investigações. As buscas das forças federais ocorrem a partir do km 130 da rodovia Transamazônica (BR-230), onde o automóvel Gol de cor preta no qual viajavam os desaparecidos teria sido avistado pela última vez. O local tem mata fechada e é de difícil acesso. As forças de segurança na região somam 500 homens. Cerca de 300 soldados do Exército, Força Nacional e agentes da Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal estão envolvidos nas buscas, no controle da passagem pela reserva e na proteção dos índios. Outros 200 homens das polícias estaduais garantem a segurança em Humaitá.

Funai – As lideranças indígenas enviaram um documento à presidência da Funai, em Brasília, pedindo a criação de um grupo de trabalho para reconstruir a sede do órgão em Humaitá. Assinado por onze líderes, o documento pede ainda o restabelecimento no envio de alimentação e remédios, além de segurança para cerca de 20 índios que trabalham na cidade, como funcionários da própria Funai, da prefeitura e o serviço de saúde indígena. Entre os funcionários da prefeitura está o cacique Ivanildo Tenharim, que é secretário municipal e teve de se afastar do trabalho. Ele estava entre os 140 índios que se refugiaram no batalhão do Exército durante a revolta de 25 de dezembro.

Em nota, a Funai informou que não há impedimento dos índios para a realização de buscas na terra indígena e que, desde o início, a fundação e as lideranças indígenas se colocaram à disposição para colaborar com a operação de busca dos desaparecidos. Quanto aos prejuízos causados pelos atos de destruição ao patrimônio da União, disse que foram abertos inquéritos pela Polícia Federal para apurar os responsáveis.

Fonte: Veja

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