Semana de Arte de 22: quem foram as mulheres modernistas que participaram do evento

Em 13 de fevereiro de 1922, acontecia no Theatro Municipal de São Paulo, a Semana que foi um marco no modernismo brasileiro

Da esquerda para a direita: Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Elsie Houston e Eugênia Álvaro Moreyra
Da esquerda para a direita: Pagu, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Elsie Houston e Eugênia Álvaro Moreyra
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Há cem anos, o Theatro Municipal de São Paulo recebia um evento que se tornou um marco para a cultura brasileira: a Semana de Arte Moderna, com literatura, poesia, música, escultura e pintura. De 13 a 17 de fevereiro daquele ano ocorreram sessões lítero-musicais noturnas e de 11 a 18 foram expostas 100 obras no saguão. Os artistas que compunham o grupo que idealizou a Semana de 22 trouxeram uma renovação cultural inspirados, inclusive, no que ocorria na Europa. Naquela época, acabaram recebendo diversas críticas. O escritor Monteiro Lobato, por exemplo, chegou a chamar as pinturas de Anita Malfatti em uma exposição de “desenhos que ornam as paredes internas dos manicômios”.

Os principais artistas que tomaram a frente do movimento modernista, levando adiante as ideias da Semana de 22, ficaram conhecidos como Grupo dos Cinco: Tarsila do Amaral, Anita Malfatti, Menotti del Picchia, Mário de Andrade e Oswald de Andrade. Mas além deles, outros tantos homens participaram do movimento: Víctor Brecheret, Plínio Salgado, Guilherme de Almeida, Sérgio Milliet, Heitor Villa-Lobos, Tácito de Almeida, Di Cavalcanti, Agenor Fernandes Barbosa. Como se vê as mulheres ainda eram minoria, e nenhuma era negra.

Tarsila do Amaral é uma das principais artistas modernistas. Ela nasceu no interior de São Paulo, na cidade de Capivari, em uma família rica. Completa seus estudos na Espanha. Casou-se em 1906 e em 1913 se separou de seu primeiro marido, o médico André Teixeira Pinto. Depois ainda teve dois outros companheiros. Vale lembrar que o divórcio só foi instituído oficialmente no país em 1977.

Tarsila volta de Paris após a Semana de 22 e passa a buscar um estilo próprio com uma pintura tipicamente brasileira. Participou ativamente do Manifesto Antropofágico, publicado em 1928 por Oswald de Andrade. De acordo com Sergio Milliet, Tarsila conseguiu, “a captação sintética de uma realidade brasileira sentimental e ingênua, de que haviam se envergonhado antes os artistas do nosso país”.

Abaporu, de Tarsila do Amaral
Abaporu, de Tarsila do Amaral

Anita Malfatti passou boa parte da juventude na Europa, assim como Tarsila. Ela retorna ao Brasil definitivamente em 1928. Ela nasceu com uma atrofia no braço e na mão direita e essa deficiência a acompanhou pela vida toda. Destra, aprendeu a pintar com a esquerda. A má formação congênita levou o pai a levá-la para a Itália para uma cirurgia ainda com 3 anos. Anita, assim como Tarsila, é considerada uma mulher que rompeu com os padrões sociais da época, quando se esperava que mulheres como ela Autcasassem e tivessem filhos, fugindo de comportamentos e expectativas da família, dedicando-se a sua arte.

Autoretrato de Anita Malfatti
Autorretrato de Anita Malfatti

Outras duas mulheres que são pouco reconhecidas mas que participaram do movimento modernista são Regina Graz e Zina Aita. Regina é considerada como a introdutora das artes têxtis modernas no Brasil. Zina participou como expositora da Semana de 22 e em 1924 vai para a Itália, onde fica até o fim de sua vida.

Patrícia Rehder Galvão, a Pagu

Embora não tenha participado da Semana de 22, Pagu teve grande destaque no movimento modernista após o evento. Ela juntou-se a Oswald de Andrade e Tarsila no movimento antropofágico. Escreveu Parque Industrial (edição da autora, 1933), sob o pseudônimo Mara Lobo, considerado o primeiro romance proletário brasileiro, e A Famosa Revista (Americ-Edit, 1945), junto com Geraldo Ferraz. Também era desenhista e ilustradora. Em 1931, Pagu ingressou no Partido Comunista Brasileiro, então Partido Comunista do Brasil (PCB). Foi presa pela primeira vez pela polícia política de Getúlio Vargas em Santos (SP), ao participar da organização de uma greve de estivadores. Foi a primeira de uma série de 23 prisões ao longo da vida.

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