Jarras antigas revelam como os romanos produziam vinho tinto e branco
Três ânforas analisadas continham produto importado que ajudava na confecção
Alan de Oliveira
Uma pesquisa realizada por especialistas da Universidade de Avignon, na França, e da Universidade de Roma La Sapienza, Itália, mostraram mais detalhes sobre como as antigas civilizações romanas produziam vinho, ao analisarem três jarras encontradas no assentamento à beira-mar de San Felice Circeo, na Itália. Os resultados foram divulgados no artigo publicado na quarta-feira, 29, pela revista PLOS ONE.
Conforme a apuração do portal Galileu, os objetos levam a crer que ânforas eram utilizadas nos processos de fabricação de vinho tinto e branco. Havia nos vasos alguns resíduos de marcadores químicos, tecidos vegetais e pólen, revelando derivados de uva e pinho.
Com base nesses elementos, os cientistas estimam que os vinicultores romanos utilizavam plantas locais, apesar que ainda não se saiba ao certo se as mesmas já foram domesticadas naquela ocasião.
Junto dos jarros de vinhos, os pesquisadores também se depararam com alcatrão de pinho, um produto líquido de cor preta, viscoso. Provavelmente faziam o uso do alcatrão para impermeabilizar os jarros e como meio de aromatizar a bebida, técnica já visto em sítios arqueológicos semelhantes.
Como tal substância não é local, possivelmente os desbravadores romanos o trouxeram da Calábria ou da Sicília, com base em fontes históricas.
Métodos usados no descobrimento
“Usando diferentes abordagens para desvendar o conteúdo e a natureza da camada de revestimento das ânforas romanas, levamos a conclusão ainda mais na compreensão das práticas antigas do que teria sido com uma única abordagem”, afirmou Louise Chassouant, líder do estudo, ao portal ZME Science.
Os especialistas ficaram entusiasmados não só sobre a química do vinho e do alcatrão, mas também acerca do design das ânforas e da biologia das uvas.
“Prevemos que nosso estudo encoraje uma abordagem multidisciplinar mais sistemática em relação à análise de ânforas de vinho”, dizem os pesquisadores no artigo.